Mídias sociais promovem a multiplicação da propagandaEstrategista web afirma que as redes sociais estão no ápice, porém grandes empresas ainda acham que o meio de comunicação é brincadeira de criança

Pablo Cordeiro
Colaboração*
3/10/2009

A popularização das redes sociais e a comunicação na internet foram temas de discussão na última sexta-feira, 2 de outubro, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Para o estrategista de mídias sociais Wagner Fontoura, a nova cara da publicidade on line está voltada para a interação entre os diversos públicos. “Seja através de blogs, comunidades virtuais ou microblogs, a integração entre os internautas multiplica o conhecimento e a propaganda de determinado assunto.”

Estrategista de uma pioneira agência de publicidade voltada para as mídias sociais, o palestrante Wagner Fontoura preconiza a mudança da maneira como a publicidade está sendo feita e, principalmente, aceita pela população. “Em 2008, houve um marco para as mídias sociais, quando o mercado apresentou maturidade suficiente para entender que blogs e twitter são ferramentas importantes na formação da opinião.”

Seguindo os preceitos da web 2.0, a internet colaborativa em que o usuário é produtor de conteúdo, o estrategista afirma que as empresas enxergaram que o consumidor apresenta um alto índice de aceitação por formas de publicidade redirecionadas por eles mesmos. “A partir do momento em que cada um cria seu conteúdo, os tradicionais portais de informação começam a perder espaço. Não que eles percam valor, apenas ganham concorrentes. Hoje é comum que os blogs tenham milhões de seguidores, que acessam e compartilham o conteúdo produzido pelos blogueiros”, exemplifica.

As vantagens da publicidade na web

Em comparação direta com a mídia tradicional, como a impressa e televisiva, o estrategista aponta uma queda na aceitação da publicidade por parte do público. “Não é possível prever se algum dia a internet vai substituir outras mídias. Complementar, com certeza, como já acontece. No entanto, com a mudança da cultura da nova geração e o envelhecimento natural da população, as formas de transmitir conteúdo se alteram.

Para exemplificar, Fontoura cita a reformulação feita no portal de uma revista direcionada para o público feminino. Todo o conteúdo do site foi ligado a blogs que tinham grande resposta do público. Em um mês, de um milhão de acessos, o portal passou para 53 milhões. "Este é um avanço comercial imenso, se comparado com qualquer meio tradicional de comunicação", avalia. Um problema é a insegurança das empresas em investir em propaganda na web. “Há insegurança e medo por parte das grandes empresas que ainda enxergam o baixo custo da propaganda na internet como um sinal de falta de qualidade”, afirma.   

Uma das principais vantagens da publicidade na web é a possibilidade de medir o retorno do público. “Se uma revista tem a tiragem de 200 mil exemplares, estima-se que sete vezes este número de pessoas têm contato com a revista. Na internet, é possível saber exatamente o número de cliques em um banner ou link. Isto traz segurança para o anunciante”, explica Fontoura. Mesmo que o crescimento das mídias sociais tenha chamado a atenção das grandes e pequenas empresas, ainda é necessário desaparecer com o preconceito de que comunidades virtuais, como o Orkut, e programas de mensagens instantâneas, como o MSN, são ferramentas para crianças.

“Se a empresa quer estar inserida no meio on line, proibir seus funcionários de acessarem o Orkut, MSN e Twitter, por exemplo, não condiz com seu desejo. Mesmo havendo medo de perda de produtividade ou vazamento de informações, o funcionário é o espelho da empresa e o principal responsável pela publicidade dela”, esclarece. Fontoura entende que grandes conglomerados de comunicação não sejam totalmente adeptos e não confiem no mundo virtual, porém, “se não se arriscarem um novo pensamento, o momento vai passar.”
"Falem bem ou falem mal, mas falem"

Na internet em que o usuário é produtor do conteúdo, esta frase retrata a nova tendência da web: a preocupação com a boa imagem pessoal e de marca. Entretanto, somente um rosto bonito ou um corpo sedutor, não garantem audiência nas mídias sociais. “Se você, ou sua empresa, não tem valor e qualidade, você nada tem o que mostrar. Como é a opinião de milhares de internautas, não é possível uma pessoa mascarar uma marca ou transmitir aquilo que seu produto não é.”

Ultimamente, empresas têm contratado blogueiros para disseminar a opinião sobre seus produtos. Segundo Fontoura, o blogueiro é um formador de opinião e, com capacidade, pode vir a substituir o mau jornalista. “Se o conteúdo é aceito e bem recebido para uma massa de leitores, a pessoa é uma produtora. No entanto, para o bom jornalista, emprego nunca vai faltar, pois qualidade e confiança estão presentes na web e fora dela.”

Fontoura afirma que esta é uma prática válida, desde que a opinião gratuita não seja confundida com compra de opinião. “Oferecer um produto e pedir uma avaliação de um formador de opinião que tem milhares de seguidores é uma das novas formas da publicidade. Junto do blogueiro, o público também pode manifestar os pontos positivos e negativos. É publicidade espontânea. O inaceitável é uma empresa comprar a opinião de determinada pessoa para que esta fale bem do seu produto”, define.

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes