Luciane Ribeiro Luciane Ribeiro 20/4/2011


História, cultura e ilustres amantes tornam Diamantina um destino obrigatório em Minas Gerais

Foto de DiamantinaVocê já deve ter ouvido essa expressão: Minas são muitas! E é viajando por este enorme estado que constatamos essa verdade.

Para nós, amantes do turismo, Minas é um "prato perfeito". Atende toda a procura, sacia toda a aventura. Quer seja um roteiro gastronômico, cultural, religioso, de ecoturismo, histórico, enfim, Minas oferece tudo isso e muito mais.

Vamos desbravar essa verdade juntos. Começaremos por Diamantina, uma das joias das Minas Gerais.

Localizada ao norte, em plena Serra do Espinhaço, esta cidade é conhecida pelos seus diamantes e seus ilustres amantes. É aqui que se desenrola o caso de amor entre uma escrava e um rico contratador. Nossa Cinderela negra é Chica da Silva, mulher de uma personalidade forte, guerreira, cujos mandos e desmandos deixavam o Arraial do Tijuco em polvorosa.

Sua casa mantem-se de pé, bem conservada, apesar de não existirem os móveis da época que decoravam os grandes cômodos dos dois andares do majestoso casarão. De frente a ele está a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, peculiar por possuir a principal torre localizada atrás do altar-mor. Se esse fato não bastasse, a Igreja ainda exibe uma das mais lindas pinturas de teto da nave e um conjunto de crucifixos do século XVIII de encher os olhos e a alma de emoção. São de madeira, prata e marfim.

A lenda diz que a Ordem Carmelita, formada por brancos e ricos comerciantes, proibia os negros de adentrar em suas dependências após as torres da igreja. Para burlar tal ordem e atendendo aos apelos da amante, João Fernandes, o contratador, mandou erguê-la após o altar. Assim, Chica entrava e saía do templo religioso a hora que bem entendesse.

Foto da Igreja de São FranciscoAlém da Igreja Carmelita, Diamantina guarda outras preciosidades religiosas: a Igreja de São Francisco, menos imponente que a Carmelita, porém singela e muito acolhedora, a Igreja do Rosário, que era frequentada por negros e mulatos, a mais simples das edificações barrocas, mas guarda no altar-mor uma fantástica escultura em madeira de Santana Mestra.

Diamantina é terra de Juscelino Kubitschek, de serestas infindáveis que vão serpenteando suas ruas quase todas as noites. É impossível estar em Diamantina sem ouvir a música que aflora nessa cidade, como a água potável de uma inesgotável mina. De todos os lugares, ouvem-se melodias deliciosas. Em quase todos os finais de semana há a Vesperata, sucesso absoluto de público que lota a praça central da cidade para ouvir, das sacadas e janelas dos casarões principais, a orquestra formada por garotos diamantinenses e a banda da Polícia Militar. Um show inesquecível. Emoção pura.

Para além dessa apresentação, Diamantina nos oferece o Arte Miúda, coral formado por crianças e adolescentes que cantam e encantam o público aos domingos, com sarau dentro das igrejas barrocas da cidade.

Diamantina tem um rico artesanato, composto de belos arraiolos e singelas bonecas de barro. Tem também uma gastronomia de dar água na boca. Lá toma-se um delicioso mingau de fubá, come-se um arroz doce dos deuses, além de muitos outros doces caseiros de atormentar a alma e o paladar de qualquer mortal.

O mercado municipal é outro atrativo de Diamantina. Com uma arquitetura diferenciada das outras construções da época, é possível encontrar quase tudo por lá: fubá vendido a litro, pimentas de todas as cores e sabores, galinhas vivas e mortas, cristais e pedras semipreciosas, tapetes, porcelana, cachaça, cocada, pastel, legumes, frutas, roupas, mel, etc.

Foto de DiamantinaDiamantina é o começo do caminho do ouro. De lá partia a estrada que escoava os diamantes para o porto do Rio (Caminho Velho), ou para o porto de Paraty (Caminho Novo), rumo à metrópole portuguesa.

Mas há algo de muito precioso que não foi extraído da cidade e levado de bandeja para Portugal. Diamantina está encravada na Serra do Espinhaço. Pelas suas ruas tortuosas, subidas íngremes, casarões centenários, há o povo humilde e acolhedor, culto e alegre, que se deixa emoldurar pela grandeza e pela história dessa fantástica cidade de Minas Gerais.

Diamantina, se não bastasse toda essa riqueza, é portadora de um nobre título concedido pela Unesco: ela é patrimônio de todos os brasileiros e de toda a humanidade.

Vale a pena ou não conhecê-la??


Luciane Ribeiro
é diretora da Agência de Viagem Buttlerfly Tour

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