Entre passos apressados e compromissos urgentes, uma seleção de brinquedos abre uma brecha no tempo, em plena Avenida Rio Branco. O responsável pela viagem nostálgica é Manoel Gomes, que explica com paciência e carinho, para quem quiser ouvir, as funcionalidades dos brinquedos, os quais boa parte ele mesmo produz. Piões, bilboquês, petecas, bonecas e quebra-cabeças, clássicos de muitas infâncias analógicas atraem a curiosidade e abrem diálogo em membros de diferentes gerações.

Manoel começou a vender os brinquedos, porque precisava complementar a renda da aposentadoria. “De 11 anos para cá, eu comecei a brincar e a fazer brinquedos, que são invenção minha, ninguém me ensinou nada. Estamos em um período difícil para vendas. Temos que ter paciência, tratar bem os fregueses. Fico aqui fora da calçada, em um cantinho que não atrapalha ninguém.”

Dos brinquedos que vende, Manoel só não faz os piões e bilboquês, porque não tem os equipamentos necessários para produzi-los. Ele conta que um de seus principais objetivos é fazer com que as crianças tenham outras vivências. “São brinquedos que realmente têm vida. É uma coisa que a maioria não sabe ou nunca nem viu. Eu faço os brinquedos para tirar as crianças do celular. Quem compra fica satisfeito, porque são brinquedos que duram mais de dez anos. Pode dar pancada que eles não estragam” garante o vendedor.

Um dos objetos pelos quais Manoel tem maior apreço é o quebra-cabeças que ele faz com arame. As peças se ligam de maneira única e o intuito da brincadeira é conseguir separar e soltar cada um dos componentes. “Tenho 120 quebra-cabeças prontos em casa. Eles são únicos. Cada um é diferente. Quando não estou na rua vendendo, estou em casa produzindo. Faço sempre bem certinho, para que eles durem muito tempo.”

Natural de Leopoldina, Manoel foi para o Rio de Janeiro com 12 anos. Viveu na cidade de Areal (RJ), onde aprendeu diversos ofícios, entre eles, lavar e abastecer carros, além de cozinhar. Em Areal, Manoel casou-se e veio para Juiz de Fora, onde teve quatro filhos.

Com os brinquedos, fez amigos e recebe as pessoas que param, brincam e levam para casa um pouco do encanto da infância por meio dos brinquedos produzidos pelas mãos dele.

 

Isabella Oliveira - Manuel produz em casa a maioria dos brinquedos que vende para complementar a renda, se dedicando ao brincar

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