Foi condenado a 18 anos de prisão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado, João Victor Cadedos da Silva, de 22 anos. Ele foi julgado nesta quarta-feira (01) no Fórum Benjamin Colucci, pela juíza Joice Souza de Paula, pela morte de César Augusto Ribeiro Soares Guimarães, vítima de homicídio no último dia 05 de novembro de 2021, no bairro de Lourdes, Região Sudeste de Juiz de Fora.

Na época do crime, de acordo com o inquérito policial, a vítima estava de motocicleta indo em direção a um bar para assistir a um jogo de futebol, quando o acusado teria entrado na frente do veículo, gerando assim uma discussão entre os dois. No primeiro momento, ambos conseguiram se desvencilhar seguindo por caminhos opostos. Ainda de acordo com o inquérito, momentos depois, César Augusto, ao retornar para casa, foi surpreendido pelo jovem e recebeu vários golpes de faca contra a vítima.

Os dois entraram em luta corporal e populares tiveram que retirar o autor de cima do corpo da vítima. O rapaz fugiu logo em seguida. O pai da vítima foi quem o socorreu. Ele foi levado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) durante um período de 30 dias, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.

Durante o julgamento, foi apresentado o laudo médico informando que o rapaz morreu devido a uma sepse, uma infecção generalizada provocada por objeto perfurocortante. Ainda durante a sessão, foram apresentados os antecedentes criminais do autor, que teria passagens por roubo e uso de drogas, sendo estes praticados, inclusive, quando era menor de idade.

O Portal Acessa conversou com os familiares da vítima. De acordo com a irmã de César Augusto, Ariela Ribeiro, a família está buscando por justiça, mesmo após um ano depois da morte do rapaz.

“A gente está buscando justiça. Nada vai trazer ele de volta e a justiça pode ser feita independente do tempo que levar. A justiça de Deus é maior. O meu irmão era um menino que era luz, ele cativava todo mundo, desde crianças até os mais velhos. Ele só fazia o bem para todos e lutava pelo certo. Isso que aconteceu com ele foi fruto da indignação dele com o que estava acontecendo na nossa rua e no nosso bairro. Ele não aceitava o que acontecia como tráfico e violência. Ele era um rapaz que cursava faculdade de direito, ia fazer prova para entrar na PM e era um menino do bem. A gente aguarda que a justiça seja feita.”

A mãe da vítima, Jussara Ribeiro, também conversou com a nossa reportagem. Emocionada, a genitora contou para a nossa equipe sobre a sua indignação com o caso. Para ela, a morte do filho representa uma perda irreparável que abalou toda a família.

“Eu espero a justiça de Deus. Eu queria que isso fosse um pesadelo, que isso não estivesse acontecendo. Eu queria chegar em casa e poder ver meu filho chegando na moto dele, mas eu não vou ver isso mais. Tudo o que acontecer aqui hoje vai ser como uma pomada que será aplicada em um machucado. Ele tava noivo e eu pensava que eu ia ver ele se casando, eu pensava que eu ia poder ver os filhos dele, mas isso nunca vai acontecer. No momento em que meu filho foi esfaqueado, a família inteira também foi.”

Já a família do acusado preferiu não dar entrevista para a nossa reportagem. De acordo com o advogado de defesa de João Victor Cadedos Silva, Saelinton Rodrigues, o processo possui ausência de elementos que deem certeza a forma e a motivação do crime. Ainda de acordo com o advogado, o que está sendo buscado pela defesa é que a condenação do réu seja por lesão corporal seguida de morte e não por homicídio culposo.

“Esse processo tem ausência de elementos que deem certeza de como foi a forma ou a motivação do crime e tudo mais. Existe uma lacuna entre vítima e acusado que não será suprida por uma prova como testemunhas, imagens e etc. As únicas duas testemunhas que temos são amigos da vítima. O réu já manifestou que foi ele mesmo que deu, mas em legítima defesa. O que queremos trazer para o processo é que o que aconteceu foi uma lesão corporal seguida de morte.”

Ainda de acordo com o advogado, o réu alega que estava com medo de existir uma briga futura, uma vez que ambos já tinham se desentendido momentos antes do crime.

“O que a gente pode falar é que os dois se encontraram em um primeiro momento houve uma briga verbal. O João Victor já tinha o costume de ficar naquelas redondezas. Quando César chega, desce da moto e eles começam uma briga. O acusado confessa para a gente que já estava com medo em relação a essa briga e aí ele consegue uma faca e deixa ela no bolso. Quando a vítima consegue dobrar ele na briga, ele acaba desferindo os golpes contra o César. O jovem acaba tendo um ferimento nas mãos e busca atendimento médico em seguida.”

O advogado também relata sobre o laudo médico. Para ele, apesar do documento dizer que a morte da vítima foi causada por uma infecção, o laudo não explica se o óbito foi pela infecção causada pela cirurgia ou pela facada.

“A causa da morte foi sepse, uma infecção por ferimentos. Nós vamos dizer aos jurados que o laudo médico é muito direto em dizer que a vítima morreu por essa infecção. Porém, o laudo não consegue dizer por qual ferimento a vítima veio a falecer, se foi pela cirurgia ou se foi em decorrência da facada.”

Já o advogado Fabiano Lopes, que compõe a assistência de acusação do Ministério Público, informou para a nossa reportagem que o réu pode pegar de 12 a 30 anos de prisão por homicídio qualificado com uma circunstância de aumento de pena.

“Nós temos um homicídio qualificado por motivo fútil com as circunstâncias que aumentam a pena que é o recurso que dificultou a defesa da vítima. Nós esperamos que tudo passe e que o acusado pague pelo que fez.”

Ainda de acordo com o advogado, o jovem tem mais de dez passagens pela Polícia e que esses crimes e atos infracionais não serão julgados no dia de hoje.

“No momento em que o processo está em curso, foi juntado ao processo as folhas de antecedentes criminais. Esses crimes e atos infracionais não serão julgados aqui hoje. Se ele tivesse cometido outros crimes junto ao homicídio, o Tribunal do Júri teria a competência para atrair os crimes, mas não foram nas mesmas circunstâncias. Então esses crimes servem para pesar no cálculo da pena. Como ele tem muitos antecedentes, a gente espera que a magistrada só pese conforme a folha corrida dele, que seja mais perto do máximo.”

O julgamento teve uma duração de sete horas. A sessão começou por volta das 12h e só veio a terminar por volta das 19h.

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Foto: Paulo Inácio - Familiares buscam por justiça

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