O uso de óleo de cozinha, comum em todas as residências e estabelecimentos, pode ser um grande contaminante, se for descartado de maneira incorreta. Dados nacionais apontam que apenas 2% do óleo de cozinha são tratados no Brasil. Estima-se que em Juiz de Fora, cerca de 150 mil litros por mês são despejados indevidamente. Todo esse quantitativo polui os mananciais aquáticos, do solo e da atmosfera. A cada litro de óleo descartado de maneira incorreta polui cerca de 25 mil litros de água.
O que muitas pessoas não sabem é que é possível fazer a reciclagem do óleo de cozinha. O produto pode se transformar em sabão e até mesmo em biodiesel, combustível menos poluente que o diesel comum. Com a reciclagem, há a redução do entupimento das tubulações, diminui a proliferação de ratos e baratas, além de diminuir o aquecimento global.
Como forma de colaborar com o meio ambiente e fomentar o empreendedorismo social, em Juiz de Fora, um instituto faz o recolhimento de óleo de cozinha a domicílio. Além disso, o projeto conta com mais de 200 pontos de coleta espalhados por toda a cidade e com a parceria de 26 estabelecimentos comerciais, além de atuar em outras oito cidades da região.
A presidente do Instituto Epros, Flávia David, explica que o projeto atua na cidade há menos de um ano. Além disso, ela detalha os processos que o óleo passa ao chegar na unidade.
“Quando o óleo chega aqui ele passa por um processo de purificação. Ele é decantado e quando esse óleo chega a menos de 1% de impureza se torna a matéria principal para a produção de biodiesel. São cerca de 15 mil litros por mês que nós reciclamos. A nossa proposta é triplicar esse número em 2023.”
O projeto também atua em escolas da cidade. Os trabalhos de educação ambiental já atendeu mais 30 instituições de ensino de Juiz de Fora. Para a presidente do Instituto Epros, Flávia David, o objetivo do projeto é embasado em gerar impacto social e ambiental de forma positiva e que a escola é o principal canal para a realização de trabalhos voltados para a educação ambiental.
“A gente entende que a escola é o principal canal de educação ambiental e de mudanças sociais. Muitas dessas escolas, especialmente as públicas e municipais, carecem de recursos. Nós fazemos a conscientização na sala em sala. Ali também nós colocamos o ponto de coleta. Todo o valor arrecadado com a venda desse óleo é voltado para essas instituições em projetos para esses alunos da rede pública e municipais. Já em escolas particulares eles enviam o valor arrecadado para alguma instituição.”
Além da atuação nas escolas, o projeto realiza trabalhos nas associações de bairros da cidade e em estabelecimentos comerciais que movimentam a economia doméstica. Nas associações, o valor gerado com a venda do óleo é destinado para projetos sociais locais. Já no comércio local, que também se torna um ponto de coleta, é possível conseguir descontos em produtos de acordo com a quantidade de óleo usado trazido pelos clientes.
Um outro problema gerado pelo descarte irregular do óleo é o entupimento das tubulações. Com a solidificação da gordura, o esgoto acaba não sendo tratado, podendo causar o rompimento do encanamento e dessa maneira, acaba gerando transtornos como o retorno do esgoto para as residências e até mesmo causar vazamento nas vias.
Conforme explica a presidente do Instituto Epros, o óleo de cozinha usado aumenta em 25% o gasto com tubulações. Ela ainda explica que mesmo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que define diretrizes e ferramentas para que os setores públicos e privados gerenciam os resíduos gerados, a lei não consegue ser efetivada nas cidades por incapacidade técnica.
“Até hoje ninguém conseguiu implementar nos municípios uma Política Nacional de Resíduos Sólidos. Quando não tem uma legislação que exerce e regula esse processo, fica a cargo do município tomar atitudes pontuais para amenizar esses problemas com relação aos resíduos. Nós do terceiro setor estamos totalmente abertos a parcerias e esse é o caminho. Precisamos movimentar o empreendedorismo social, aliar o setor público e privado para tentar resolver esses problemas que estão precisando de resolução e estão nos afetando todos os dias.”
Os interessados em vender óleo de cozinha usado para o instituto podem entrar em contato pelo telefone (32) 3216-3898. Pelo telefone, é possível realizar o agendamento e ser informado sobre o ponto de coleta mais próximo. Para conhecer melhor o projeto e as ações realizadas pelo Instituto Epros, basta acessar as redes sociais da instituição.
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Farol | meio ambiente
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