Banheiro sem porta, prédio com um extintor de incêndio, poeira, entulhos, local sem saída de emergência e telhas galvanizadas que deixam o ambiente quente. Essa é a situação do local onde os motoristas do transporte sanitário estão trabalhando. A Prefeitura de Juiz de Fora realocou os funcionários para um prédio na Praça da República, no bairro Poço Rico, o que indignou os trabalhadores da classe, que ocuparão somente a cobertura do edifício.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de JF (SINSERPU JF), Francisco Chiquinho Carlos da Silva contou sobre a situação do local. "Nós visitamos o local. Apesar do Secretário de Saúde falar que é próprio, tem muita poeira, muita coisa velha jogado ali, maca, cadeira, cama de hospital, banheiro sem porta e uma coisa que nos chocou muito é que se tiver algum incêndio, ou entrar lá alguém para roubar, eles não tem por onde sair, eles tem que pular um muro e cair lá embaixo, de uma altura de 5 metros" explicou Francisco.
O Sindicato entrou em contato com a PJF que explicou que o espaço ficaria assim momentaneamente e que vai haver uma reforma no local. " A prefeitura fala que é provisório, mas enquanto isso teremos que trabalhar nesse espaço. Eles falam que vão reformar o lugar em 90 dias e nós tememos que esses trabalhadores não tenham um lugar adequado pra trabalhar. O problema não é o local, mas sim a forma como ele está, eles precisam de um lugar adequado para trabalhar".
Sobre o alvará de funcionamento do edifício, Francisco conta que o documento, que precisa estar visível para todos, não foi localizado. "Não vi nenhum alvará de funcionamento! Há uma insatisfação muito grande, inclusive nós já notificamos a prefeitura, tanto a Secretaria de Saúde quanto a Secretaria de Recursos Humanos, nós já avisamos sobre as condições inadequadas. Para se ter ideia ali era uma borracharia. Fui na Secretaria de Saúde e alegação deles é que a Secretaria de Educação vai para o prédio que eles estavam, na Rua Halfeld, 1400, no prédio do antigo hospital municipal Mozart Teixeira, e que isso é provisório. Como eles fazem uma coisa dessa? Tira um pessoal de um lugar e colocam outras pessoas? Nós somos contra e estamos tomando cuidado, pois o município tem autonomia para gerenciar e transferir os funcionários, desde que seja para um lugar adequado e o lugar não é".
O vice-presidente do SINSERPI JF, Cosme Nogueira demonstrou sua insatisfação com a situação dos trabalhadores. "Quero dizer minha opinião, eu acho isso um absurdo. Uma administração que fala que quer valorizar o servidor e põe o servidor em uma situação dessa de precariedade. A prefeitura hoje gosta muito de falar que tem mesa para intermediar conflitos, mas quando o assunto é servidor nunca tem mesa para intermediar conflitos, sendo que o servidor é obrigado a cumprir aquela determinação e o Sindicato não concorda com isso", relata Cosme.
Ele também questiona sobre o local de trabalho dos motoristas. "A prefeitura vem alegando que vai pedir um prazo para adequar o espaço, mas por que não adequa o espaço primeiro para depois fazer a transferência? Já faz tempo que esses profissionais vem sendo remanejados constantemente de local de referência do trabalho, uma hora eles estão em um endereço, outra hora estão em outro. Fizemos a auditoria os banheiros sem porta, não tem uma estrutura para abrigar esses profissionais. E eles vão ficar na parte de cima do prédio e tem essas telhas galvanizadas que que é um calor insuportável, além de não ter uma saída de emergência caso necessário".
Cosme ressalta ainda que o transporte ainda não foi regularizado, apesar de ser uma Lei Federal. "Motoristas fazem de forma não oficial o trabalho de transporte da prefeitura, que já era para ser oficializado".
OUTRAS REVINDICAÇÕES
Além do local insalubre de trabalho, os motoristas do transporte sanitário também reclamam de sobrecarga de trabalho e de equiparação salarial.
Sobre a sobrecarga de trabalho, Francisco explica. "A sobrecarga de trabalho é a seguinte: eles estão almoçando, aí chega uma ordem judicial e eles não podem terminar o almoço, pois tem que pegar o paciente. Chega lá não tem quem carregue e o motorista acaba fazendo esse trabalho também. Costuma a ter também uma ordem judicial na hora que termina o expediente e eles tem que ir lá cumprir, não pode descumprir e segundo os gestor lá há uma cota para pagamento de hora extra e que não pode pagar e ele acaba jogando pra frente".
De acordo com o SINSERPU JF os trabalhadores pleiteiam, entre outras medidas, que a Administração Municipal regulamente as diretrizes a serem seguidas por eles na execução do trabalho – diretrizes estas específicas de cumprimento de Ordem Judicial, que já vem sendo requisitadas há mais de um ano, isonomia salarial (requisitada pela última vez há cerca de 60 dias), e a regulamentação da questão do transporte sanitário, que, segundo eles, é lei federal, mas depende de uma adequação da Administração Municipal.
A Reportagem do Portal ACESSA.com entrou em contato com a Secretaria de Saúde e com a Prefeitura de Juiz de Fora para saber o posicionamento do órgão sobre o prédio para onde os trabalhadores foram realocados. Em nota a PJF respondeu.
"A Prefeitura informa que essa notícia carece de fundamento. Nenhum motorista foi deslocado do seu local de trabalho. E qualquer mudança só acontecerá quando o novo espaço estiver em condições dignas de ocupação, como é prática da gestão municipal no trato com seus trabalhadores".
Sobre a regulamentação do serviço e também sobre a equiparação salarial ainda não houve retorno do órgão.
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