A população adulta de rua de Juiz de Fora aumentou 110% nos últimos 6 anos, de acordo com o Censo e Diagnóstico da População Adulta em Situação de Rua. O estudo foi realizado através de uma parceria entre a Prefeitura (PJF) e a Universidade Federal de Juiz de Fora. 84,7% da população de rua e 75% são pretos e pardos. A média de idade é de 43,2 anos (40 a 49). Veja os dados em destaque abaixo. 

 

FOTO: PJF/UFJF - Censo e Diagnóstico da População Adulta em Situação de Rua

 

FOTO: PJF/UFJF - Censo e Diagnóstico da População Adulta em Situação de Rua

O objetivo geral do trabalho foi quantificar e investigar as características socioeconômicas e demográficas das pessoas adultas em situação de rua em Juiz de Fora para investimento e apontamento das demandas de políticas públicas a serem desenvolvidas para esta parcela da população.

A pesquisa para a elaboração do diagnóstico foi realizada na última semana de outubro de 2022 com aplicação de questionários. Um trabalho feito por mais de 50 estudantes dos diversos cursos da UFJF. Entre 2016 e 2022 a população em situação de rua passou de 384 pessoas para 805, um aumento de 110%. Conforme a metodologia e amostragem, responderam a pesquisa 190 pessoas em situação de rua, 23,6% da população contabilizada. De acordo com o documento, o perfil médio da pessoa em situação de rua em Juiz de Fora é do sexo masculino, homens cisgêneros, heterossexuais, pretos e pardos, possuem entre 30 e 50 anos (adultos maduros) e estão em situação de rua há mais de cinco anos.

Com o estudo foi possível criar base de dados, contribuir com a realização das funções de ensino, pesquisa e extensão das universidades públicas e subsidiar políticas públicas. O diagnóstico atende também a uma demanda de movimentos sociais e de entidades e organizações de defesa dos direitos humanos. Trata-se uma atividade estreitamente ligada aos interesses de uma parcela da população que vivencia uma condição precária de acesso aos direitos.

A secretária de Assistência Social da PJF, Malu Salim, ressaltou que o diagnóstico se fazia essencial para o apontamento das ações por políticas públicas, fortalecendo o trabalho com evidências e trazendo dados que apontem a necessidade da população. “A pandemia da Covid-19 elevou ainda mais a vulnerabilidade das pessoas que vivem em situação de rua, ampliando o contingente populacional por isso a importância deste censo e diagnóstico. O desenho da assistência em Juiz de Fora é de proteção social e gestão das pessoas para sair das ruas, por isso estamos buscando possibilidades para atender a diversidade da população em situação de rua. Exemplo disso são as Casas de Passagem, Casas 24 horas, Hotel, Núcleos de Populações em Situações de Vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupops) e o auxílio moradia. São necessárias políticas de acolhimento, moradia, trabalho e renda. Isso é fundamental para essa população”, destacou.

De acordo com a professora da faculdade de serviço social da UFJF, Viviane Pereira, a população de rua é muito heterogênea e nesta diversidade três elementos são comuns: ausência de moradia convencional, vínculos familiares rompidos e/ou interrompidos e condição de pobreza extrema. “Na pesquisa, consideramos a população em situação de rua o estabelecido pela política nacional que são aquelas e aqueles que não possuem moradia convencional e fazem uso das ruas e acolhimentos para dormirem”, explicou.

Ainda conforme a professora responsável pelo diagnóstico, as pessoas que vivem da rua, ou seja, que tiram das ruas seu sustento, mas possuem casas para onde retornar não foram contabilizadas. “Este recorte exige uma outra metodologia e impõe a caracterização desta parcela da população como trabalhadores precários e população empobrecida, mas que possuem moradia para voltarem após o dia de trabalho”.

Participaram da elaboração e da conclusão do diagnóstico, além da secretária de assistência social, Malu Salim e da professora Viviane Pereira, os professores da faculdade de Serviço Social, Alexandre Arbia, Ana Maria Ferreira, Marina Barbosa, Fábio Calleia, Marina Castro, Telmo Ronzani do departamento de psicologia e Luiz Claudio Ribeiro, professor do departamento de estatística; a arquiteta Juliana Varejão; a subsecretária de Proteção Social Cristiane Nasser; a subsecretária de Vigilância e Monitoramento; Meirijane Teodoro; e a gerente do Departamento de Proteção Especial, Maria Cláudia Dutra.

Também foram parceiros do estudo a Pró-reitoria de Extensão (Proex), Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe) e o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt).


 

 


Revista O Síndico - Morador em situação de rua em JF

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