FOTO: Acessa.com/Renan Ribeiro - André Pavam, Letícia Valentinni,e Michael Bruce

Com a presença da Miss Brasil Gay 2022, Letícia Valentinni, a 41ª edição do concurso que elege o mais belo transformista do Brasil foi anunciada em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (6) trazendo novidades sobre a festa, que ocorre no dia 19 de agosto no Terrazzo. A venda de ingressos começou nesta terça-feira (6) e alguns dos setores foram esgotados nas primeiras horas.

Entre as atrações, foram anunciados o show da cantora Lexa e uma apresentação de palco de Ballroom, feita por grupos de Juiz de Fora, assim como a apresentação do performer, DJ e ator, Titiago. A apresentação será feita pelo artista e drag queen, Ikaro Kadoshi, que também apresenta o programa Caravana das Drags, além da Miss Brasil Gay 2013, Sheila Veríssimo. Átila Coutinho, vencedor do Caravana das Drags, com a Drag Hellena Borgys.

O concurso se tornou uma Associação Cultural em 2022, o que significa, segundo o organizador Michel Bruce: “O evento não é mais privado. Passa a ser de uma associação, que passa a gerar Cultura LGBTQIA+ nos Estados, com a temática transformismo e isso nos empodera mais para que a gente consiga buscar recursos, formas dessa sustentabilidade.” Para Michel, é importante atuar para que a festa seja autossustentável a longo prazo. Algumas mudanças adotadas na edição de 2022 permanecem, como a transmissão online do evento.

Tendo se tornado patrimônio imaterial da cidade em 2007, a ideia é fazer o Miss Brasil Gay receber o mesmo reconhecimento no estado. “É importante para que a gente consiga trazer recursos para garantir a viabilidade de todos os concursos estaduais”, detalha Michel. O custo da realização do evento é de mais de R$500 mil. Para que seja possível, a organização conta com o empresariado da cidade, uma vez que apenas a venda dos ingressos da festa não consegue bancar os custos todos. “De acordo com dados do ano passado, tivemos uma injeção direta na economia de cerca de R$7,5 milhões. A gente acredita pelo número de turistas que já estão nos procurando, que essa injeção seja maior do que esse valor”, destacou Michel Bruce.

A ideia do evento é ir além da festa, oferecendo uma experiência completa ao turista, especialmente pensando nos atrativos que a cidade possui, como o Museu Mariano Procópio, reaberto no aniversário da cidade em 31 de maio. “Fazer o que Juiz de Fora faz de melhor, que é acolher as pessoas. Não só o concurso em si, Juiz de Fora é diferente. Esse acolhimento só nós temos”. Bruce.

A miss Letícia Valentinni destacou o sentimento de gratidão. Ela destacou a realização do sonho, quando ainda criança, desejava estar no concurso, que via pela TV, como espectadora. “Eu amo a arte transformista e não imaginava que anos depois seria eleita Miss Brasil Gay. Depois desse tempo que ficamos isolados, retomar e ser eleita é muito importante. Não é só uma faixa e uma coroa é representar toda a bandeira da nossa comunidade para os quatro cantos do Brasil. Me sinto muito feliz.”

Para ela, o segredo é ser. “Levar sua própria característica, personalidade. Vestir-se de si, porque conseguimos externar maestria aquilo que somos de verdade. O público acredita. Aconteceu comigo.” Ela contou que sofreu preconceitos após receber a faixa, mas que tudo o que ela ouviu só fez reforçar a importância de ela ocupar esse espaço. “As meninas vêm até mim dizer que se sentem representadas, me encantam. Levo a minha ancestralidade, quem eu sou, a minha raiz”.

O sentimento é de gratidão. O seonho vem de quando me entendo por menininha. Me lembro ontem sentado com um amigo, um dia vou estar lá como um telespectador, que ama a arte do trasnformista e anos depois sou eleita Miss Brasil Gay. Sentimento de gratidão, mas não consigo colocar em palavras. É com o meu olhar, com a minha postura e a minha alegria. Colocar a faixa no peito, a coroa na cabeça levando e dando voz aqueles que a sociedade insiste em calar.

“Ouvir as candidatas”

Entre as mudanças citadas durante a coletiva, o diretor artístico da iniciativa, André Pavam, contou que houve uma mudança no regulamento, com base no primeiro feito em 2007, com a inclusão de uma série de novidades. “A Miss a partir de 2023, precisa ter oratória. Tínhamos 27 candidatas (uma representante de cada estado e uma do Distrito Federal), dali saíam 12 e desse grupo saía a Miss. Mudamos esse esquema. Teremos 27 candidatas, ficarão dez, dessas dez saem cinco. Esse último grupo terá cinco perguntas sorteadas, uma para cada. Não basta ser a mais bonita. Buscamos o conjunto da obra.” Ao chegar entre as cinco primeiras colocadas, a pontuação obtida até ali será zerada. A oratória ganha um peso maior, porque será o último item avaliado para a eleição da nova Miss.

Outra novidade é que as candidatas terão mais um dia de confinamento. Elas chegam à cidade na quinta-feira, dia 17 de agosto. Elas fazem os ensaios gerais e com algumas ações. Haverá um coquetel de apresentação, onde o comportamento delas já começará a ser avaliado. “Antes, ser bonita era suficiente. Mas estamos na era digital, que exige que as pessoas tenham conteúdo. Isso está inserido no Miss Brasil Gay esse ano. As candidatas já estão sendo preparadas para isso.”

O formato engessado dos desfiles clássicos da década de 1960 e 1970 também já foi superado, segundo Pavam. Ele pontuou que essa é uma outra atualização importante. As misses precisam desfilar sua personalidade no palco. “Letícia foi eleita assim. Ela veio com uma passarela diferente, muito carisma. O Miss Brasil Gay é mais do que uma celebração, é um momento. Uma miss negra, linda, feliz, sorriso solto na passarela. Isso foi a tônica dela. Faz a diferença. Isso será aplicado esse ano. No regulamento, a palavra que mais aparece agora é desenvoltura.”

Presença do secretariado da Prefeitura

A coletiva contou com a presença da deputada federal, Ana Pimentel (PT) e dos secretários: Governo, Cidinha Louzada; de Turismo, Marcelo do Carmo; Especial de Direitos Humanos, Biel Rocha; de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas, Aline Junqueira; de Comunicação, Márcio Guerra, a diretora-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Giane Elisa.

Cidinha Louzada lembrou que na edição de 2022 ainda com uma forte presença da pandemia, o evento foi realizado, ainda com a recomendação do uso de máscaras. “A gente diz que hoje abrimos para o Brasil todos os olhos para Juiz de Fora, que é onde acontece essa grande festa. Traz o turismo, dinheiro para a nossa cidade”, disse, reforçando que a Prefeitura está dando o apoio que for necessário, pessoal e orçamentário no que tiver condições de fazer.

“A prefeita não abre mão de apoiar esse evento, por entender a relevância dele. É uma gestão intersecretaria, cada um dá um pouco da sua contribuição, porque acreditamos que esse é um momento importante, não só para o turismo, para economia, mas da reafirmação do combate a todo o tipo de preconceito. Esse é um compromisso da gestão”, frisou Márcio Guerra.

Marcelo do Carmo destacou a forma como o evento impacta toda a cadeia de produção da cidade. “Para os turistas que vierem, fora o suporte técnico da Setur, vamos apresentar os nossos atrativos. Iniciamos um processo de orgulho, nos meses de junho, julho e agosto , para trabalharmos para que mais pessoas tenham mais orgulho e que diminua o preconceito que ainda há.”

 

Acessa.com/Renan Ribeiro - Coletiva aconteceu no anfiteatro João Carriço na tarde desta terça-feira (6)

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