Neste mês é comemorado o Agosto Dourado, uma campanha que foi designada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação. Em Minas Gerais, o tema escolhido para a campanha este ano foi “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, mote que busca valorizar e ressaltar a importância do incentivo à amamentação de pais que retornam ao trabalho após a licença-maternidade.
Considerado o “alimento ouro” pela qualidade que o leite materno representa para o recém nascido, ele é capaz de nutrir e hidratar o bebê até os 6 meses e continuar contribuindo para sua alimentação a partir desta fase. Segundo a OMS, a recomendação é que os bebês sejam amamentados, exclusivamente com o leite materno, até os 6 meses de idade, e que a amamentação seja mantida até os 2 anos ou mais.
Conforme a nutricionista e docente da Estácio, Mariana Dantas, o leite materno possui composição exclusiva e é o alimento ideal para o bebê em quantidade e proporção dos nutrientes. "O leite materno possui proteínas, carboidratos e lipídeos em quantidades adequadas ao crescimento da criança, além de vitaminas, minerais e outros compostos de proteção, que enriquecem o sistema imunológico do neném. Inclusive, se o bebê está doente, o leite muda sua composição, aumentando ainda mais os fatores protetores, de acordo com a necessidade dessa criança", explica.
Para Carina Trombine, 32, mãe da pequena Sofia, recém nascida de pouco mais de um mês, o retorno ao trabalho já é algo que vem sendo planejado: “Desde quando eu engravidei, sempre foi muito claro para mim que eu tinha planos de voltar a trabalhar. Isso por diversos motivos, como a questão financeira e o meu plano de carreira”. Ainda que Carina faça planos, ela pensa também em como manter o cuidado durante a transição da amamentação para a introdução alimentar, embora a licença maternidade dure 4 meses e a introdução alimentar se inicie com 6 meses: “Isso é uma lacuna meio incoerente, né?”, questiona sobre os 2 meses entre o 4º e o 6º mês em que a amamentação se faz exclusivamente necessária, não recebendo, porém, a cobertura da licença.
No retorno ao trabalho após a licença-maternidade, é essencial considerar alguns fatores para uma transição fluida. Esta etapa difere de uma volta de férias, envolvendo não apenas readaptação às tarefas, mas também lidar com os desafios da maternidade. Para facilitar esse processo, um planejamento antecipado se faz necessário, e algo que pode facilitar, por exemplo, é a realização de testes sobre com quem o bebê ficará, estudando possibilidades como rede de apoio familiar ou na introdução em uma creche, planejando os horários de amamentação e observando se a adaptação precisará de dedicação de tempo maior.
A Carina veio de Três Rios (RJ) para Juiz de Fora, onde construiu uma família com seu esposo e filha. Por causa disso, ela não possui rede de apoio familiar e tem pesquisado creches para se programar para essa transição: “Já comecei a olhar as creches para conhecer um pouquinho, visitei unidades diferentes aqui em Juiz de Fora para saber como trabalham principalmente para ter uma noção de qual parâmetro devo seguir”, conta.
Para que esse tipo de transição não afete o desenvolvimento da criança, o acompanhamento profissional é essencial. “Quando nós [mães] saímos do hospital, recebemos informações básicas, porém ainda estamos muito confusas. Este vira um momento de descobrir como ser mãe depois do nascimento. A rede de apoio da parte médica, da obstetrícia à pediatra, da fonoaudióloga aos testes que foram feitos no hospital, inclusive o atendimento que eu tive em casa para amamentar, foram essenciais para mim”, explica Carina.
Ao fim da reportagem, Carina reflete sobre como ela se sente dentre tantas descobertas: "Eu falo que a gente ainda está aprendendo. Eu aprendo com a Sofia e ela aprende comigo, porque é tudo novo para nós duas. Mas eu acho que foi fundamental a estrutura que eu consegui ter desses suportes médico e familiar, de ter o meu esposo ali me acompanhando. Isso foi crucial para que eu me sentisse mais segura e que as coisas começassem a fluir de uma maneira mais natural e mais leve."
Pais também podem assumir o papel de amamentar
Os pais também podem amamentar. Lei de 2021, em vigor no Estado de Minas Gerais, diz que servidores públicos e militares têm direito à licença paternidade estendida em até seis meses, caso a mãe esteja ausente por motivo grave.
Em 2022, foi assegurado o direito à licença-paternidade de até 180 dias para o servidor público federal que seja pai solo.
Para o superintendente regional de saúde de Juiz de Fora, Renan Guimarães de Oliveira, é preciso desmistificar o papel do pai na amamentação: "A criação dos filhos é compartilhada, não é exclusividade de um dos pais", disse. "Quando o pai amamenta, seja no trabalho ou em casa, o benefício é para ambos. O momento da amamentação reforça o vínculo entre pai e filho, e o SUS está pronto para apoiar o pai e garantir este direito", ressaltou o superintendente.
Vale lembrar que o pai pode amamentar mesmo se a mãe estiver presente. Pais que desejam dividir as responsabilidades da criação dos filhos com as mães podem assumir a tarefa de amamentar com o leite da própria mãe, retirado e armazenado em casa, seguindo as orientações que podem ser obtidas nas maternidades, postos de coleta e bancos de leite.
Leite Humano: Alimento que salva vidas
De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), em pesquisa realizada no ano de 2019, cerca de 45% das crianças com menos de 6 meses estão em aleitamento materno exclusivo no Brasil. A meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2030 é que essa taxa seja de pelo menos 70% das crianças.
Entre as crianças menores de 6 meses que recebem o aleitamento exclusivo, estão os bebês prematuros, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). É para as UTIs neonatais dos hospitais da cidade de Juiz de Fora e de municípios vizinhos que o Banco de Leite Humano (BLH) de Juiz de Fora destina as doações recebidas.
O cadastro para doações é feito por meio do aplicativo WhatsApp. Os interessados em doar devem ligar para o Banco de Leite e deixar o número. Em contato posterior, pelo aplicativo, é enviada a ficha para cadastro e são repassadas instruções. O serviço também promove diversas ações de orientação à mulher em incentivo ao aleitamento materno, auxílio nas intercorrências mamárias durante o período de lactação (mastite ebico invertido ), curso Casal Grávido, campanhas de amamentação e palestras. Além disso, as lactantes são instruídas a avisar à equipe do Banco de Leite Humano (BLH) quando iniciarem o uso de alguma medicação.
Passo a passo para coleta de leite em casa
Em casa, procure tirar o leite em um lugar limpo e tranquilo;
Use touca e máscara;
Lave as mãos e os braços até o cotovelo com bastante água e sabão;
Lave as mamas apenas com água;
Seque as mamas e as mãos com um pano limpo;
Massageie os seios com a ponta dos dedos, com movimentos circulares. Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco;
Identifique o pote com seu nome, data e horário em que retirou o leite;
O leite materno pode ficar até 15 dias no congelador ou no freezer.
Fontes: Organização Mundial da Saúde, Unicamp e Agência Minas
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