A primeira morte causada pela febre maculosa em Juiz de Fora, neste ano, foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A vítima é um homem de 37 anos.

Segundo a Prefeitura, um caso de óbito que esteve em investigação no mês de julho por suspeita da doença não foi confirmado e foi descartado.

Até o momento, foram confirmados 40 casos da doença em Minas Gerais, do quais 13 evoluíram a óbito. Segundo a SES-MG, entre 2018 e 2022 foram confirmados 190 casos da doença no estado e 62 óbitos, uma taxa de letalidade média da doença de aproximadamente 33%.

A pasta ressalta ainda que atua em todo o estado por meio do monitoramento/vigilância de casos humanos suspeitos e confirmados da doença; vigilância ambiental de áreas de risco; divulgação de notas informativas e materiais orientativos/educativos aos municípios e na realização de cursos e treinamentos para profissionais de saúde.

A doença

De acordo com a SES-MG, a febre maculosa é uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode cursar com formas leves e atípicas, até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados.

No estado, os principais vetores e reservatórios da doença são os carrapatos do gênero Amblyomma sculptum, também conhecidos como "carrapato estrela", "carrapato de cavalo" ou "rodoleiro". Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais graves da doença, aqui denominada febre maculosa brasileira (FMB).

Os equídeos, canídeos, roedores, como a capivara, e marsupiais, como o gambá, têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa, podendo atuar como amplificadores de riquétsias e/ou como transportadores de carrapatos potencialmente infectados.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

A febre maculosa pode ter sintomas como: febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros, que se inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.

A evolução da doença também pode apresentar manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés. Embora seja o sinal clínico mais importante, as manchas vermelhas podem estar ausentes, o que pode dificultar e/ou retardar o diagnóstico e o tratamento, determinando uma maior letalidade.

O diagnóstico da febre maculosa pode ser sorológico (padrão ouro), ou por pesquisa direta da riquétsia (bactéria) - realizada por meio de técnicas de imuno-histoquímica, biologia molecular (PCR) ou isolamento.

O tratamento da febre maculosa utiliza antimicrobianos que devem ser usados de forma precoce, nas fases iniciais da doença, como forma de evitar óbitos e complicações. O sucesso do tratamento está diretamente relacionado à precocidade de sua introdução e à especificidade do antimicrobiano prescrito.
O paciente que não for tratado corretamente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo.

Como prevenir a doença?

A SES-MG orienta que as medidas preventivas devem ser voltadas às ações educativas, com vistas à orientação da população sobre as características clínicas da doença, unidades de saúde e serviços para atendimento, importância do diagnóstico e tratamento oportunos, áreas de risco e ciclo do vetor.

Em áreas conhecidas pela infestação de carrapatos ou sob risco de ocorrência de casos, pe recomendado:

  • Usar repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos;
  • Usar roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados (preferencialmente com meias brancas e de cano longo);
  • Usar equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos);
  • Evitar sentar-se e se deitar em gramados em atividades de lazer como caminhadas, piqueniques, pescarias etc.;
  • Examinar o corpo periodicamente, tendo em vista que quanto mais rápido o carrapato for retirado do corpo, menor a chance de infecção;
  • Se verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal;
  • Utilizar de forma periódica carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações de profissional médico veterinário;
  • Limpar e capinar periodicamente áreas de vegetação passíveis de cuidados.

 

 

Jerry Kirkhart/Wikimedia - Carrapato-estrela, transmissor da bact..ria causadora da Febre Maculosa. Foto: Jerry Kirkhart/Wikimedia

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