Um dos grupos do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do Bairro Barbosa Lage, Zona Norte de Juiz de Fora, composto por 18 migrantes da Venezuela, apresentou uma série de dificuldades em relação ao idioma. A equipe do CRAS percebendo que essa barreira se tornava impedimento para que essas pessoas pudessem construir vínculos e conseguir ter acesso a emprego e renda, pensou em uma forma de trabalhar com os processos de comunicação relacionados às questões cotidianas.
A equipe técnica do CRAS fez um contato com o professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Luiz Gibier de Souza, que se voluntariou para conduzir os encontros que ocorrem de maneira quinzenal na Escola Estadual Clorindo Burnier, que entrou como parceira na iniciativa, cedendo a estrutura e o espaço para que a ação seja realizada.
Segundo o supervisor do CRAS Barbosa Lage, Chrystian Chaves, há outro grupo que trabalha em conjunto com o Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) que encaminha os jovens para vagas de estágio e cursos de aprendizagem. Alguns dos migrantes conseguiram acesso a vagas, porém, na hora da contratação, as empresas não faziam a efetivação, por conta da barreira da linguagem. “Fomos atrás. É uma ação feita na base da boa vontade. Conseguimos o professor, o espaço com as parcerias e começamos em agosto. Nesse curto período, já tivemos resultados interessantes. Usuários que não falavam nada, estão se falando, se colocando.”
Ainda segundo Chrystian, o intuito é contribuir para que essas pessoas tenham independência. “Se elas conseguem se comunicar melhor, passam a ter mais autonomia e, desse modo, conseguem alcançar uma melhor gestão da vida. Os técnicos do CRAS acompanham todos os encontros e têm percebido uma boa resposta”, avalia.
Segundo a diretora da Escola Estadual Clorindo Burnier, Fernanda a parceria é uma forma de a instituição se colocar à disposição da comunidade. Ela detalha que os temas trabalhados fazem parte do cotidiano. “São questões que envolvem o básico da língua, como os ingredientes de uma receita, como os valores da moeda, para que eles consigam estar na sociedade, possam ir ao mercado, a uma consulta médica. Isso é muito importante. Temos alunos vindos da Venezuela, que são mais jovens e conseguiram aprender o português muito rápido. Mas outras pessoas tiveram uma dificuldade maior. Eles têm participado e gostado muito das aulas”, pontua Fernanda.
Chrystian Chaves ressalta ainda a importância de combater o preconceito. “Muitas pessoas tendem a pensar que eles vieram ocupar o lugar, tirar vagas de emprego. Mas o que temos que pensar é que eles vieram de uma situação muito difícil no país de origem deles. Eles tiveram que se retirar. Não estão aqui por vontade própria, estão porque precisam estar. Precisamos ajuda-los, ao invés de nos colocarmos como adversários, criando mais barreiras ainda.” Barbosa Lage.
Migrantes
O grupo de venezuelanos acompanhado pelo CRAS Barbosa Lage chegou em 2022. Eles entraram no Brasil pelo Norte. Famílias obrigadas a deixar a Venezuela em função das crises econômicas e sociais que assolam a nação. Eles chegaram à Juiz de Fora e foram acolhidos na Aldeia SOS, território do CRAS Grama. Muitos permaneceram em bairros da região. Outros se fixaram em bairros da Zona Norte, entre eles, Barbosa Lage, Bairro Industrial, Jóquei.
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