A prática da atividade física, segundo o Ministério da Saúde, é importante para o pleno desenvolvimento humano e deve ser praticada em todas as fases da vida e em diversos momentos, porém, nem todas as pessoas têm disposição de tempo ou condições financeiras para manter uma rotina de exercícios físicos. Foi pensando nisso que Kátia Gomes, corretora de imóveis e formada em Serviço Social, no dia 10 de agosto deste ano, deu início ao projeto social ‘Saúde e Bem Estar’, para que os moradores do Bairro Vivendas da Serra, Zona Nordeste de Juiz de Fora, tenham acesso, de maneira inclusiva, à uma vida mais saudável. Esse projeto é realizado em um salão de festas do Condomínio Vivendas da Serra 3 e nele são oferecidas aulas de Boxe e Zumba duas vezes por semana para todos os moradores do bairro, não apenas do condomínio em específico, com uma ajuda de custo de R$30 para manutenção.

Criando o projeto

Segundo Kátia, moradora do condomínio há 15 anos, essa ideia surgiu enquanto ela voltava da academia para sua casa conversando com uma colega que relatava ter vergonha de ir à academia para fazer aulas de Zumba, mesmo com vontade. Ela também havia observado que em seu condomínio os moradores, principalmente as mulheres, não estavam conseguindo dedicar um tempo para o autocuidado, mas sim estavam vivendo no piloto automático, e algumas até mesmo entrando em depressão por causa disso. Surge então a ideia do projeto que, para Kátia, nasce com a intenção de cuidar do bem estar próprio de uma maneira mais acessível.

FOTO: Arquivo Pessoal - Kátia Gomes

No início, ela considera que a única dificuldade enfrentada foi para conseguir a liberação do salão de festas no seu condomínio, que já não era usado com tanta frequência. Depois de muitas conversas sobre a importância e o impacto que esse projeto poderia gerar, inicialmente para os 180 moradores, Kátia recebeu o apoio da administração e deu início às aulas.

Apesar do pouco tempo de existência, com três meses o projeto já tem gerado resultados na vida dos alunos. Kátia também é aluna e afirma: “Já têm mulheres que relatam que estão se sentindo melhores depois que entraram para as aulas. Eu também participo como aluna e posso garantir que me ajudou muito, principalmente com o estresse do dia a dia.

Aulas de Zumba

Luana Clara Britto, 33, dançarina a mais de 20 anos e especializada em coordenação motora, foi convidada por Kátia para ser a professora de dança na modalidade Zumba para as alunas no início do projeto. Ela percebe que, por ser de cunho social, a maior visão que se tem do ‘Saúde e Bem Estar' é o interesse em cuidar do corpo, mas principalmente da saúde mental. Quando questionada sobre como ela percebe a influência da dança nas alunas, ela conta que o que mais percebe é o fator psicológico. “Esse é um momento de não pensar em estresse, é um momento de querer vir para cá e fazer uma coisa que ainda não se fez para elas, entendeu? Rir, conversar, brincar e trabalhar o mental e o físico.”

Esse é um projeto realizado apenas para moradores do Bairro Vivendas da Serra, porém Luana acredita que esse mesmo modelo possa ser aplicado em condomínios de outros bairros para aumentar o alcance e proporcionar inclusão para outras pessoas também: “É muito importante isso acontecer em outros bairros [...], isso traz às pessoas um bom convívio, melhora a coordenação motora, ajuda contra a ansiedade e melhora a autoestima. Acho que tudo isso faz parte de um contexto muito importante que é a saúde, essa é a preocupação de um projeto social em qualquer bairro e em qualquer situação.”

FOTO: Arquivo Pessoal - Luana Brito

Eni Maria, tabuleirense de 60 anos, residente em Juiz de Fora há quase 40 anos e profissional doméstica atualmente afastada por motivos de saúde, encontrou no projeto uma fonte de alívio e bem-estar. Mesmo não conseguindo seguir à risca as instruções da professora de dança, devido à sua condição física, Eni destaca a importância de participar desse projeto, acreditando que isso não só proporciona uma pausa para dias estressantes, mas também contribui para maior sensação de felicidade. Observando o cenário pós-pandêmico, ela ressalta a relevância do projeto para combater a tristeza que afetou muitas pessoas durante a quarentena dentro de casa: “Eu acho isso que [o projeto] é bom para todo mundo, porque as pessoas depois da pandemia ficaram muito presas dentro de casa.”

Isabela Braga, 34, dona de casa e mãe de uma criança de três anos, também participa do projeto. Por cuidar do lar o dia todo, todos os dias, ela enxerga esse projeto como um tempo para brincar, dançar, se exercitar e cuidar da saúde: “Estar aqui é um tempo que eu gosto muito e valorizo.” Ela acredita que as aulas de dança que são oferecidas também trabalham com o psicológico e o emocional de todas as integrantes: “Isso acontece porque aqui a gente pode extravasar e a gente conversa muito. Eu acho que esse é um projeto que pode e tem tudo para crescer e ajudar também as outras pessoas, em outros lugares, dessa forma mais acessível.”

FOTO: Arquivo Pessoal - Isabela Braga


Aulas de Boxe para adolescentes

O projeto também oferece aulas de boxe através do professor David Dutra, 33, que atua no ramo há 16 anos. Convidado por Kátia, ele acredita que o mais importante dessa modalidade para os alunos é a disciplina. “Eu vejo que as crianças estão muito agitadas, daí, com a disciplina, elas vão se orientando e se preparando para a vida lá fora. Boxe é disciplina, coordenação motora, deixa as pessoas mais espertas”, conta, explicando o impacto positivo que a modalidade gera nas crianças e adolescentes.

FOTO: Arquivo Pessoal - David Dutra e os alunos do projeto de Boxe

É isso que a aluna Maria Eduarda, estudante de 11 anos, também acredita. Ela relatou ao Portal que esse projeto ajudou no desenvolvimento dela e das outras crianças, por ser uma atividade física mais acessível e aumentou o relacionamento e interação umas com as outras.

FOTO: Vitória Beatriz - Maria Eduarda

A influência do projeto sobre a saúde mental

Sobre o projeto, Adriana Viscardi, psicóloga, doutora em psicologia social e coordenadora do curso de psicologia do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora, acredita que o mais interessante do projeto são os aspectos para além do próprio exercício físico, sendo o aspecto biológico, por existir o exercício do corpo, o químico, devido aos neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor e sensação de prazer, e o social, por causa da troca que existe em comunidade.

A psicóloga explica, ainda, que a prática de se reunir, se organizar e trocar experiências, nesse sentido, é um elemento fundamental do projeto em questão. Ao analisar o funcionamento dentro da mente das pessoas envolvidas, nota-se a ativação de neurotransmissores essenciais, como dopamina, serotonina e noradrenalina, desencadeando uma química do prazer, felicidade e regulação de humor. Por causa disso, é comum que os alunos percebam o impacto positivo dentro de si, e também no relacionamento com as outras pessoas.

FOTO: Arquivo Pessoal - Adriana Viscardi

Para saber mais ou participar do projeto entre em contato com o número (32) 8857-9375 - Kátia Gomes.

 

Em em nosso canal no YouTube preparamos uma matéria completa sobre esse tema, confira clicando aqui ou logo abaixo:

 

Arquivo Pessoal - David Dutra e os alunos do projeto de Boxe

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