Na tarde desta quinta-feira (14), o Portal da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou um marco histórico realizado pelo Hospital Universitário da instituição (sob gestão da Ebserh): o número 500º (quingentésimo) em transplantes de medula óssea. Para Abrahão Hallack Neto, médico hematologista responsável pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) da instituição, esse número destaca a importância da consolidação de um programa robusto de transplantes em um hospital público de ensino.

A 500ª paciente que recebeu o transplante foi Thaís Araújo da Silva, de 22 anos, estudante de Nutrição nascida na cidade de Muriaé. Ela conta que foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda recidivada e que não encontrou um doador 100% compatível na família ou no banco de medula. Dessa maneira, o transplante foi realizado com sua irmã, que possuía 50% de compatibilidade, utilizando um método de transplante com doador haploidêntico, conforme explicou o médico.

FOTO: Arquivo pessoal - Thaís Araújo da Silva conta que vai voltar para a rotina, buscar novas experiências e "aproveitar ao máximo tudo que puder"

A médica Kátia Regina Alves, hematologista atuante no TMO há dois anos, destaca que este marco é significativo não apenas para o HU-UFJF e a região de Juiz de Fora, mas também para aumentar o acesso a cuidados avançados na área de saúde: “Ainda existem poucos centros transplantadores no Brasil, e o Serviço de Transplante de Medula Óssea do HU-UFJF amplia em número e qualidade a possibilidade de tratamento para os pacientes que precisam deste tratamento especializado”, considera. Kátia conta que também participou ativamente no transplante de Thaís, um caso marcado por sua complexidade devido ao tipo de transplante e à compatibilidade parcial da irmã, exigindo cuidados adicionais. “Ela segue se recuperando muito bem."

Maria Carolina Pires, enfermeira especializada em oncologia, destaca a relevância da prestação de cuidados humanizados e especializados no serviço, além de explicar como o enfermeiro se envolve nos procedimentos realizados pelos pacientes desde a fase inicial: "O enfermeiro atua desde a avaliação inicial (pré-TMO), com realização de reuniões e consultas de enfermagem, coleta de células tronco de sangue periférico, processo intra e pós-transplante. Essa assistência requer uma enfermagem treinada e especializada, e grande parte dos bons resultados do transplante depende da qualidade dos cuidados de enfermagem nas diversas fases. Estamos muito felizes em celebrar essa conquista dos 500 transplantes.”

 

Serviço completará 20 anos em 2024

O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) completa 20 anos em 2024. O médico Abrahão Hallack Neto, médico responsável pelo serviço, destaca que a meta é aumentar a quantidade de transplantes realizados, visando agilizar e aprimorar o acesso a este tratamento essencial. A expectativa de ampliação não se restringirá apenas à região da Zona da Mata mineira, mas também contemplará o estado do Rio de Janeiro. “O serviço de TMO do HU-UFJF faz todos os tipos de transplantes de medula óssea, desde os mais simples aos mais complexos, sendo um campo importante não apenas para o tratamento dos pacientes, mas para o treinamento de profissionais da área de saúde e para a pesquisa”, reforça.

 

FOTO: Canva - Foto tirada por um microscópio de uma amostra de medula óssea.

 

Conheça a história de Thaís Araújo da Silva

Em janeiro de 2023, Thaís Araújo da Silva começou a sentir fortes dores abdominais e foi diagnosticada com uma infecção renal. Ao ser internada, descobriu uma anemia por meio de exames de sangue. “Tentamos tratar a anemia, sem sucesso, daí fiz uma biópsia de medula e, em março, veio o diagnóstico de leucemia mieloide aguda com indicação de transplante. A minha cidade não faz o transplante alógeno haploidêntico, por isso transferiram para o HU. Meu procedimento foi dia 18 de outubro, e a pega da medula, dia 4 de novembro. Deu tudo certo e estou muito bem”, relata.

Agora, ela segue em acompanhamento periódico no Hospital. Sobre os projetos daqui pra frente, ela conta que pretende retomar a vida de onde parou: “voltar minha rotina e faculdade, além de aproveitar ao máximo tudo que puder, procurar experiências novas, porque nunca se sabe quando é a última vez.”

Para a equipe do TMO, Thais deixa o seu agradecimento: “Gostaria de agradecer de todo meu coração a forma como fui tratada, todo carinho, atenção e paciência. Obrigada por terem deixado esse processo que é tão complicado mais leve e mais fácil. Vou ser eternamente grata por terem salvado minha vida e cuidado de mim com tanto amor. Em especial, Dr. Abrahão, por acreditar que eu conseguiria”.

 

Rede Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde novembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

UFJF - HU

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