Um grupo de estudantes do Curso de Enfermagem busca meios de conseguir ter acesso ao estágio obrigatório, exigência para que possa se graduar e iniciar a trajetória no mercado de trabalho. “Cursamos, fizemos todo o planejamento, as matérias todas certas, pagamento em dia, tudo certinho. Quando chegou a época de disponibilizar o estágio, começaram os empecilhos”, explica a estudante Flávia Cristina Marciano Cabral.


A dificuldade é sentida pelas turmas da Universidade Unopar/Anhanguera desde 2022. “A minha grade teria que ter terminado em junho de 2023 e até agora não tem uma definição. O curso continua acontecendo para outros alunos. São três ou quatro turmas formadas na mesma situação”, detalha Flávia. Para os estudantes, havia a explicação da tentativa de tentar fechar o contrato de estágio com as unidades de saúde. No entanto, ainda não houve solução para todos os alunos.


A gerente geral do polo Manoel Honório da Anhanguera, Luciana Moreira, explica que o problema, não atinge apenas a Unopar/ Anhanguera, mas também a outras instituições. “Cada uma está tentando sanar na medida que pode, mas é um problema geral, que inclusive envolve os próprios campos- as unidades básicas de saúde, os hospitais- que em alguma medida, todas as outras instituições, até alunos de medicina têm encontrado dificuldade de entrar em estágios, porque os profissionais que estão nas unidades, muitas vezes não aceitam, mesmo a PJF disponibilizando vagas.”

Ela trouxe mais detalhes sobre as dificuldades enfrentadas pela instituição e sobre novas estratégias a partir de uma reunião realizada pelo Fórum de Instituições de Ensino em Saúde de Juiz de Fora, realizada nesta quarta-feira (21).

Mas a realidade dos alunos continua em suspenso pela falta de uma definição. Flávia comenta que  as turmas buscaram a Justiça para garantir o acesso ao estágio e o processo está em curso. Eles também entraram com uma queixa na Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e aguardam retorno.
“Estamos em época de concursos e nós não podemos participar. A maioria somos funcionários temos progressão de carreira a cumprir e dependendo do atraso no diploma, perdemos isso. No caso de aposentadoria e tudo mais. Estamos formados há mais de um ano e não podemos exercer a profissão. Uma Faculdade que pagamos e não foi barata”, conta Flávia sobre os prejuízos relacionados ao atraso da formação.


A aluna Ana Cláudia Venturino Calegaro Schmidt comenta que os estudantes buscaram conversar com a coordenação do curso para expressar a insatisfação e entender os motivos pelos quais os estágios não estão sendo disponibilizados. “Além disso, participamos de reuniões de todos estudantes, para tentar buscar solução de uma forma coletiva, porém não tivemos amparo. O que foi prometido não foi cumprido pela instituição.” Ela ressalta que sempre foi mantido um rom respeitoso, para que todos fossem beneficiados.


“Diante de toda essa situação, me sinto lesada e desmotivada na minha profissão e com o sonho de crescimento profissional e progressão de carreira travado pela falta de comprometimento da instituição em estar cumprindo com suas obrigações”, comentou Ana Cláudia.


Fórum de instituições de ensino superior debate o assunto e traça estratégias


A gerente geral do polo Manoel Honório da Anhanguera, Luciana Moreira, detalhou à equipe do Portal Acessa.com que houve uma reunião do Fórum de Instituições de Ensino de Saúde de Juiz de Fora, que reúne mais de 20 estabelecimentos na tarde desta quarta-feira (21), inclusive, com a presença de representantes da Prefeitura, entre eles, o secretário de Saúde, Ivan Chebli.


Luciana explicou que a instituição faz parte do Convênio Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES), criado em 2017, que foi interrompido durante a pandemia e retomado em 2023. A ideia é que o comitê seja gestor do processo de ensino em Saúde. “Toda a operacionalização da inserção em campo de estágio é orientada pelo Coapes.” Estamos vindo de um longo caminho para conseguir finalmente proporcionar a eles o estágio para que recebam o diploma, ingressem no mercado de trabalho e tenham as suas promoções”


Ela explicou que a demanda dos alunos, por parte da Unopar/Anhanguera não era atendida por conta da demora na edição da portaria que instituiu o Coapes. “Até que ela fosse publicada, eles não poderiam firmar convênio com instituições de ensino. A Anhanguera não permite que os alunos estejam em campo, sem esse convênio firmado. A matriz- porque somos polo de apoio- contrata os preceptores para acompanhar os alunos em campo. Enquanto a portaria não foi editada o convênio não tinha como ser formalizado. Ontem (19) recebemos a minuta, encaminhamos para o nosso jurídico na matriz. Temos um fluxo para ser colocado para assinatura. Avançamos nesse sentido. Temos perspectiva.”


Agora a segunda fase, após a assinatura do convênio é a batalha dentro do campo, para que os estudantes sejam aceitos nas unidades. Algo que já foi relatado como problema dentro do Fórum. “Falta compreensão de dentro das unidades. Instituições que já estão com as vagas disponibilizadas e podem alocar os alunos que chegam nas unidades. Alegam que não podem aceitar, não foram informadas, que a Prefeitura não comunicou. Falta nesses profissionais, essa empatia com quem está formando. Uma vez que está lá, é profissional, já passou por esse momento de formação e sabe o quanto ele é importante.”


A expectativa, conforme Luciana, é que os estudantes sejam atendidos o mais breve possível, embora ainda não seja possível precisar datas. O mais importante, segundo ela, é que já há 100 vagas de estágio a serem disponibilizadas para a instituição e, com isso, não haverá demanda reprimida.

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