Segundo o Governo de Minas Gerais, o Estado enfrenta a maior epidemia de dengue da história, com mais de de 500 mil casos prováveis da doença registrados. Nesse cenário, o grupo formado por gestantes e puérperas (mães que acabaram de dar à luz) se destaca na necessidade de cuidados especiais.
O Estado destacou dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, que mostram o número de casos de dengue em gestantes em elevação de 345,2% nas seis primeiras semanas deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023. No Hospital Júlia Kubitschek (HJK), que é referência municipal no atendimento a gestantes com dengue, chikungunya ou zika, quase cem pacientes grávidas foram atendidas com a suspeita ou confirmação da doença nos últimos 30 dias.
As alterações fisiológicas próprias da gravidez podem favorecer o surgimento de quadros ainda mais graves da doença, que incluem complicações hemorrágicas e acúmulo de líquido em determinados órgãos, como no pulmão, por exemplo.
“Os sinais de alerta da dengue na gestação surgem, geralmente, entre 24 e 48 horas após diminuição do quadro febril. Podem aparecer sintomas como dificuldades respiratórias e sangramento de mucosas. Nesses casos, é imprescindível que a paciente procure atendimento médico, mesmo que já tenha sido atendida anteriormente pelo quadro de dengue”, explica Pollyanna Freire Barbosa Lima, ginecologista obstetra da maternidade do HJK.
A maioria dos casos graves se dá pelo aumento da permeabilidade vascular (passagem de substâncias do sangue para os tecidos e vice-versa). A paciente pode entrar em choque quando uma grande quantidade de plasma (componente do sangue que transporta substâncias pelo corpo) é perdida por meio do extravasamento ou sangramento.
Assim como as gestantes, as puérperas também têm risco maior de complicação, principalmente nas duas primeiras semanas após o parto. “O corpo ainda entende que a mulher está gestando. Então, ela também pode apresentar as alterações que a grávida teria. As puérperas nos primeiros dias pós-parto precisam ficar atentas”, afirma Pollyanna.
O cuidado também precisa ser redobrado com o uso das medicações. As gestantes que fazem uso de ácido acetilsalicílico (AAS) precisam ter mais atenção, conforme a ginecologista. “Na gravidez, a mulher já não pode utilizar uma série de medicamentos e, com a dengue, essa restrição aumenta mais um pouco. Gestantes com dengue não podem utilizar anti-inflamatório e anticoagulante. Algumas medicações para dor e febre são liberadas para quem não possui alergias, a critério da avaliação médica. O uso do AAS, indicado para prevenção da pré-eclâmpsia, também deve ser avaliado pelo médico”, detalha a médica.
As gestantes não podem utilizar a vacina contra a dengue por ser um imunizante com agente atenuado (vírus vivo, porém, sem capacidade de produzir a doença). Então, a prevenção deve ser redobrada. “As mulheres grávidas devem usar repelentes aprovados pela Anvisa, à base de DEET ou icaridina. Também ajuda bastante utilizar roupas que cubram braços e pernas, a fim de reduzir a área exposta e a chance de picadas pelo mosquito Aedes aegypti”, orienta a ginecologista.
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