Após perceber que sua vida está fadada ao fracasso, um homem comete suicídio. Por ter desafiado a morte, Ela, se sentindo desrespeitada vai obriga-lo a ter que viver 12 vidas e enfrentar 12 mortes para não ser condenado ao inferno, como punição.

Inicialmente é preciso alertar para que o público não se deixe enganar: A nova série Coreana da Amazon Primevideo, tem em sua premissa, um enredo que se vende como uma obra do terror. E de certa forma, o é, visto que há em sua construção, várias cenas de violência extrema e tensão, além da materialização da própria morte como um personagem, colocando elementos sobrenaturais.

Contudo, a narrativa dessa obra-prima é um experimento social e crítico sobre um tema bastante complexo e que compõe uma das mais tristes estatísticas que assola a Coreia: o suicídio. Um dos temas mais sensíveis e difíceis de lidar, até porque em muitos casos, incompreensível, pois, ao tratar de um ato personalíssimo, ele toma escalas que não se pode mensurar sobre a vida daqueles que presenciam, aqueles que são afetados direta e indiretamente pelo seu resultado.

E inicialmente cumpre destacar que não há entrega da trama em alertar sobre isso, aliás a série faz questão de anunciar que esse tema será abordado em seu desenvolvimento. E é aí que o espectador é surpreendido, quando a narrativa endossa um assunto sensível de forma abrupta. E isso não quer dizer que seja jogado como um assunto banal, embora cotidiano na realidade do país. Mas ao ser exposto sem melindre, a série choca e traz à realidade o quanto é importante estar atento para o assunto.

Logo em seu primeiro episódio, o protagonista se vê confrontando a morte, depois de desistir de viver, como se pudesse controlar seu destino. E por essa razão, ele recebe o castigo de ter que passar por doze vidas que estão fadadas a morrer, na tentativa de controlar a morte, o que lhe cai como um desafio.
Mas ao passo que ele se descobre em um novo corpo, começa a perceber que existe uma ligação entre aquelas pessoas e precisa entender o mistério que as une, ao passo que ao acessar as memórias delas, traz pra si uma reflexão de sua vida e dos seus atos enquanto esteve em vida.

Com muitas cenas impecáveis de ação, a séria cria uma trama paralela eletrizante de organização criminosa, não devendo nada a filmes que abordam o gênero como Missão Impossível, Identidade Bourne e até John Wick, dada as muitas e excelentes cenas de luta e perseguição.
Em compasso, o drama pessoal do protagonista cheio de camadas atravessa essa cortina das vidas com quem divide o corpo, trazendo para ele repetidamente, as pessoas com quem convivia, e como elas estão lidando com sua ausência, revelando sutilmente o objetivo elementar da trama, que somente quem assiste, consegue compreender e identificar.

O jogo da morte é uma minissérie eletrizante em sua construção, mas que carrega em sua essência o peso ideal para emocionar e trazer reflexões sobre depressão, luto, injustiça social, vício, bullying, ao mesmo tempo que aborda temáticas tocantes como família, amor, renúncia e resiliência, que vale demais ser assistida, por ser uma das melhores obras lançadas no ano 2023.

Nota: 10

Divulgação - JOGO DA MORTE (2023/2024) – Crítica

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Clayton Inacio da Silva

Séries e Filmes

É advogado empresarial e crítico de cinema. No campo jurídico, atua na esfera administrativa, cível e consumerista, além de elaboração e análise de contratos públicos e privados. Como crítico, analisa e comenta filmes de todos os gêneros, que são lançados no cinema e em plataforma de streaming, além de análises de séries, minisséries, animações e documentários, dando ao público uma pequena dimensão sobre a relevância de cada obra com foco em despertar o interesse pela arte e incentivando à cultura.

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