De alguns tempos pra cá, o gênero terror ganhou uma espécie de subgênero, em que se mescla com a comédia, e que hoje é conhecido popularmente como “Terrir”. E esse entrosamento é uma peculiaridade difícil de se atingir, uma vez que a proposta é o equilíbrio entre o humor e a tensão, algo bem difícil para
uma construção em uma trama de pouco mais de uma hora e meia.

Contudo, Abigail não só alcança esse status de austeridade entre os gêneros, como ainda consegue apresentar um arco dramático aceitável, resultando em uma obra divertida, aflitiva e tocante.

A sinopse nos conta a história de seis ex-detentos que resolvem sequestrar a filha de 12 anos de uma pessoa poderosa e mantê-la em cativeiro em uma mansão até conseguirem o resgate. O que eles não esperavam, é essa doce menina na verdade esconde um segredo assombroso: se trata de uma vampira.
E agora, trancafiados nesse casarão, o maior prêmio é sobreviver.

Inicialmente, é importante dizer que a sinopse mostra pouquíssimo sobre a narrativa do filme, o que por si só, é atrativo para quem gosta do gênero. Isso porque, as camadas do roteiro muito bem desenvolvido, cuida de humanizar cada personagem, deixando de apresentar um lado maniqueísta de cada pessoa do grupo, inclusive da garotinha que se apresenta como vilã.

O que a direção e o roteiro conseguem magnificamente, é reunir elementos cômicos, embaraçosos, ao passo que cria uma ambientação aflitiva, de forma tão orgânica, que mesmo envolvendo cenas e falas engraçadas, o espectador se mantém num clima de tensão continuamente, algo muito raro de se ver nas
produções dessa proposta. As cenas gore, apesar da possibilidade de causar repulsas em pessoas mais sensíveis, aqui tomam um lugar surrealista em alguns momentos, que nos permite vivenciar combinação do riso e da náusea, da tensão e do divertimento.

Ainda, o roteiro consegue brincar com elementos clássicos desse gênero, especificamente sobre o tema, abordando inclusive referências a outras produções existentes no mercado, como Agatha Christie, Drácula entre outros. Essa abordagem é realizada de forma tão lúdica e inesperada, que ainda que carregue certa desconfiança do público sobre suas menções e suas consequências narrativas, causam deleite em seu resultado.

E com atuações convincentes, cada personagem nos cativa em determinados momentos, onde fica evidente o perfeito trabalho de composição dos atores e da direção, o filme nos prende do início ao fim, conseguindo inclusive um feito raro para o gênero na atualidade: o de torcer por todos os personagens, ou
maior parte deles, diante de seus dilemas pessoais expostos de maneira fluida, dando o tom de empatia do público sem deixar os elementos principais perderem o tom.

Abigail é um filme divertido na mesma proporção que causa tensão, com a dose certa de sustos e cenas violentas, que se destaca por sua construção equilibrada entre o humor e a aflição, com ótimas atuações e direção de arte perspicaz para o seu estilo, se tornando uma grande surpresa para o gênero na atualidade, que vale muito a pena ser assistido.

Nota: 9

Divulgação - Abigail

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