O desastre causado pelas enchentes no RS deixou, até o momento, mais de 140 vítimas, milhares de famílias desabrigadas e um rastro de degradação, tristeza e incertezas pelo Estado. Em tempos de “Fake News”, muito barulho desnecessário e criminoso foi feito. Por outro lado, em tempos de “redes sociais” muita solidariedade se espalhou pelo país. As pessoas estão se mobilizando de todas as formas possíveis para ajudar. Aliás, essa solidariedade é que tem garantido a sobrevivência de muitos e a esperança de um futuro para outros tantos.

FOTO: © Concresul/Divulgação - Câmara aprova texto-base da suspensão da dívida do RS com a União

Que nosso país é um país solidário já sabemos, afinal, de acordo com a organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e que desenvolvem o World Giving Index (Ranking de Solidariedade) o Brasil se encontra há mais de 4 anos entre os 20 países mais solidários do mundo. Nesse aspecto, aprendemos todos os dias, uns com os outros. Em um país recorde em desigualdades socioambientais, a solidariedade, muitas vezes, é o único facho de luz na vida de muitas pessoas. O que não deveria, obviamente, ser dessa forma.

FOTO: © Pedro Piegas/PMPA - Quase 80 mil pessoas estão em abrigos no RS; mortes chegam a 149

Se a solidariedade é importante! A prevenção também é!

Na mesma linha tênue das Fake News, observamos uma onda de negacionismo grande sobre a atual crise climática pela qual nosso planeta está passando. Porém, não se trata mais de uma previsão, um futuro incerto, mas de um presente impactante, do qual depende o nosso futuro e o futuro das gerações que virão.

O superaquecimento do planeta gerado pelo efeito estufa com a emissão de gases na atmosfera são dados reais, já fazem parte de longos relatórios e estudos que atestam a necessidade urgente de colocarmos soluções em prática. Essas expressões, também, já fazem parte do nosso dia a dia. Os eventos climáticos extremos serão cada vez mais recorrentes, com ondas de calor, incêndios florestais, secas, tempestades e furacões, derretimento de Calotas Polares e Glaciares, deslizamentos de terras, acidificação dos oceanos, extinção de espécies, inundações e enchentes como as do Rio Grande do Sul. Essas catástrofes têm impactos significativos não só no meio ambiente, mas também na sociedade e na economia, ressaltando a urgência de medidas para mitigar as mudanças climáticas e adaptar-se aos seus efeitos inevitáveis.

E o Rio Grande do Sul tem histórico de comprometimento com as questões climáticas e a implementação de medidas que mitiguem os impactos da crise?

Durante o ano de 2019 alterações no código ambiental do Estado resultaram na flexibilização de políticas ambientais. O governo estadual alterou, pelo menos, 500 normas do código ambiental. Muitas alterações flexibilizaram exigências e privilegiaram empresários, haja visto o próprio licenciamento ambiental que, em alguns casos, pode ser feito pela própria empresa, sem a necessidade da aprovação ou avaliação de órgãos ambientais. Como fica a responsabilização nesses casos? Essas medidas, também, têm consequências no aumento do desmatamento, que só cresce no Estado e tem impacto direto nas enchentes, já que a desestabilização dos solos aumenta a erosão causada pelas chuvas. Em medida recente, o governo criou uma lei que flexibilizou a construção de barragens e outros tipos de reservatórios de água, o que impacta diretamente no fluxo natural das águas e pode acarretar em grandes concentrações e, consequentemente, intensas enchentes.

A solidariedade ajuda no agora, a prevenção garante o futuro.

A prevenção não parte de um processo simples, mas sim de uma mudança ética e moral, acima de tudo. Exige uma ação intersetorial que envolvem, sim, os governos, mas não apenas. São necessárias ações em todos os níveis, comunitário, individual, empresarial.

O investimento em planejamento urbano, políticas públicas de adaptação à crise climática é urgente. Flexibilizar não pode ser mais uma saída. Precisamos reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) através da transição energética. O Brasil nesse ponto pode alavancar as ações, uma vez que nossa matriz energética é rica e variada. Melhorar a eficiência energética e investir em maior mobilidade social. Proteger e restaurar nossos ecossistemas naturais (florestamento, reflorestamento e conservação dos ecossistemas). Investir em agricultura sustentável, com práticas agrícolas regenerativas e redução de desperdício de alimentos. Entre outras medidas, o que pode fomentar essas ações são as ações comunitárias, a mobilização, a conscientização socioambiental, a educação socioambiental que impulsiona o consumo consciente, insere a Economia Circular e reafirma a transformação ética e moral pela qual todos teremos que passar.

A transformação precisa ser socioambiental.

© Pedro Piegas/PMPA - Quase 80 mil pessoas estão em abrigos no RS; mortes chegam a 149

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