“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.

Rubem Alves

 

Pretendemos refletir sobre educação a partir do renomado pensador brasileiro, Rubem Alves. Diante da epígrafe supracitada, é-nos apresentada a dualidade entre escolas que são gaiolas e aquelas que são asas. Esta metáfora não apenas destaca a diversidade de abordagens educacionais, mas também contém um teor crítico sobre o propósito da educação em si.

Desse modo, pensemos: as escolas que são gaiolas têm o propósito sutil de domesticar os educandos, inibindo a arte do voo. Nesse contexto, o voo é simbolizado como a capacidade de cada indivíduo de explorar seu potencial, buscar conhecimento e desenvolver habilidades. Por isso, as escolas gaiolas buscam controlar, restringir e moldar os educandos para se adequarem a padrões predefinidos. O pássaro engaiolado, privado da liberdade de voar, perde sua potencialidade e torna-se submisso ao seu "dono", que dita o caminho a ser percorrido. Assim, a educação torna-se uma mera ferramenta de conformidade, sufocando a criatividade, a curiosidade e a autonomia dos aprendizes.

Contrapondo-se a esse paradigma, é-nos indicado as escolas que são asas; essas instituições são concebidas com a missão de inspirar e encorajar os educandos a voarem por conta própria, na medida em que reconhecem que o voo é uma característica intrínseca de cada indivíduo. À vista disso, o papel dessas escolas não é ensinar o voo, mas proporcionar um ambiente que nutra a coragem, a criatividade e a autoconfiança necessárias para que cada uma desses sujeitos envolvidos no processo educacional consigam alçar voo.

Destarte, a educação que promove asas não está preocupada em criar pássaros idênticos, mas em cultivar uma variedade de espécies únicas e extraordinárias. Valoriza a diversidade, incentiva a expressão individual e promove um ambiente que valoriza a diferença, destacando a importância intrínseca da alteridade e dos valores éticos. Ao reconhecer e respeitar as diversas perspectivas, experiências e características individuais presentes na comunidade escolar, promove-se não apenas um ambiente inclusivo, mas também uma sociedade mais justa e equitativa. Ao cultivar a valorização da diferença como um princípio central, as instituições educacionais atuam diretamente na formação de cidadãos mais empáticos e preparados para ambiente mais justa e acolhedora.

Portanto, a partir dos ensinamentos de Rubem Alves, somos convidados à reflexão sobre o papel da educação em nossa sociedade. Nesse contexto, as escolas podem assumir o papel de gaiolas que restringem ou asas que libertam. Nesse processo educacional, a escolha é fundamental, pois determina o destino dos pássaros, ou seja, dos aprendizes, na busca do conhecimento, do crescimento pessoal e do desenvolvimento de suas potencialidades. Nesse percurso, é fundamental destacar que o verdadeiro ato de educar, conforme sugere Rubem Alves, é aquele que possibilita cada “pássaro” (leia-se educando) voar alto, livre e confiante no vasto céu do aprendizado.

Divulgação - Rubem Alves

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