Algumas pessoas nascem com o dom de espalhar a alegria e escrevem o próprio nome na história. É o caso de José Carlos Passos, o Zé Kodak, o eterno General da Banda Daki.

Ele se foi durante a pandemia, mas a sensação que todos que o conhecemos temos é de que estará eternamente presente no Calçadão da rua Halfeld, no balcão da loja na galeria, no café que tanto gostava…

FOTO: Arquivo Robson Rocha - Conhecendo Zé Kodak

Homem simples, generoso e com uma alegria contagiante, Zé Kodak colecionava histórias curiosas! A começar pelo apelido. Desde muito jovem ele trabalhava com o comércio e se destacou com uma loja de material fotográfico numa das galerias da rua Halfeld.

Ele vendia produtos da marca internacional. No carnaval, organizava bingos para ajudar a então Escola de Samba, hoje bloco, Domésticas de Luxo. Os interessados em comprar cartelas usavam como referência a loja do Zé, da Kodak. Aos poucos, foi abreviado para Zé Kodak, apelido que se tornou definitivo.

FOTO: Arquivo Robson Rocha - Conhecendo Zé Kodak

O curioso é que algumas pessoas nunca souberam o nome dele. Zé se divertia ao contar que a mãe dele, D. Josefina Calixto Passos, atendia o telefone no apartamento onde os dois moravam e, quando alguém perguntava se o "Zé Kodak" estava, ela respondia, educada, que sim, ele estava, mas que o nome dele era José Carlos Passos!


Cidadão de fora

Quem via o amor e a dedicação do comerciante pelo carnaval de Juiz de Fora, imaginava que ele era nascido aqui. Mas, José Carlos nasceu em Bicas, em 1946, sendo o penúltimo de sete filhos de dona Josefina e João Garcia Passos, dono de um armazém.

A família se mudou para Juiz de Fora quando o Zé era adolescente. Todos sempre gostaram muito de carnaval. E deram sorte! O novo endereço era no bairro São Mateus, perto da quadra das Domésticas de Luxo.

FOTO: Arquivo Robson Rocha - Robson Rocha e Zé Kodak

Banda Daki

Em 1972, um grupo de amigos se uniu e criou a Banda Daki. Num dia, em pleno carnaval, Zé trabalhava no comércio e ouviu o ritmo alegre de um bloco. Deixou a galeria onde ficava a loja na qual ele trabalhava na época e foi ver de perto. Foi amor à primeira vista!

Ele passou a integrar o bloco e assumiu a organização em 1979, quando os organizadores se dispersaram, cada um seguindo seu caminho. Desde então, foram muitos anos de luta e dedicação para manter a Banda Daki desfilando nos sábados de carnaval.

A legião de foliões esperava ansiosa o comando do General para se divertir ao som de marchinhas de carnaval. E ele se esmerava no traje e na organização.

FOTO: Arquivo Robson Rocha - Conhecendo Zé Kodak

Em 2014, conversando com foliões sobre como seria a Banda sem o Zé Kodak, a maioria disse que o bloco não existiria mais. Só que o General tinha opinião diferente. Ele dizia que, quando não estivesse mais por aqui, outras pessoas apaixonadas pelo bloco o levariam adiante.

E estava certo! Depois da notícia estarrecedora de que José Carlos Passos tinha sofrido um ataque cardíaco depois de sobreviver aos sintomas da Covid-19 e se preparar para ter alta do hospital, parecia o fim da Banda.

Mas, o jornalista Nélson Júnior, o sobrinho do Zé Kodak, Luiz Gustavo Passos, e outros amigos se uniram para manter o bloco. E, depois da pandemia, finalmente a Banda Daki vai voltar a encantar os foliões neste sábado de carnaval.

Zé costumava dizer que tinha tido o privilégio de receber as maiores homenagens de Juiz de Fora (Título de Cidadão Honorário e Comenda Henrique Halfeld) quando a mãe ainda estava viva e pôde comemorar com ele.

Além do reconhecimento oficial, foram muitas homenagens feitas pelos blocos e escolas de samba de toda a região. E elas continuam! Hoje, 17/02, a prefeitura de Juiz de Fora inaugura uma estátua no Largo do Riachuelo, berço da Banda. Feita pelo artista plástico Yure Mendes.

O Bloco Pintinho de Ouro desfila hoje também, às 16h, exaltando a história do General da Banda Daki. E, amanhã, a Banda volta à avenida Rio Branco, a partir de 11h. Com uma diferença. Em vez de percorrer o centro da cidade, os foliões vão ficar concentrados no Largo do Riachuelo.

Em todos esses eventos, tenho certeza de que a presença do Zé Kodak vai ser sentida. Pelo menos, no coração de todos que conheceram um dos nomes mais famosos do carnaval de Juiz de Fora.

FOTO: Arquivo Robson Rocha - Conhecendo Zé Kodak

Arquivo Robson Rocha - Conhecendo Zé Kodak

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Michele Pacheco

Raio X de JF

Michele Pacheco é jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Pós-graduada em TV, Cinema e Mídias digitais. Com experiência em coberturas de segurança pública, política e comunidade. Trabalhou como Repórter de Rede nas emissoras SBT e Record TV.

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