Juiz de Fora aparece entre os últimos municípios num ranking nacional que apresenta os melhores ambientes para novos investimentos, segundo o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) de 2023, divulgado recentemente. Juiz de Fora ficou na 81° posição entre as 101 maiores cidades do Brasil avaliadas.

O ICE foi lançado em 2014, chegando agora a sua sétima edição. Até 2017 apenas as 32 maiores cidades eram analisadas. Ele é fruto de uma parceria do grupo Endeavor, uma das maiores redes de apoio a empreendedores do mundo e da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), que é uma escola de governo vinculada ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos.

De 2020 pra cá, o relatório passou a constar de 101 cidades (em 2021, na pandemia, não houve pesquisa). Isso porque a cidade do Marabá (PA) ultrapassou a cidade menos populosa constante no índice de 2020, Santa Maria (RS). Então, para manter a comparabilidade entre os anos, a equipe optou por incorporar mais uma cidade ao índice, analisando então as 101 mais populosas.

Em 2020 e 2022, Juiz de Fora permaneceu em 78° lugar. Na edição de 2023 caiu 3 posições, ficando em 81° lugar.

O Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) tem como objetivo analisar e comparar os ecossistemas empreendedores das 101 cidades mais populosas do Brasil, explorando as condições que essas cidades oferecem para o desenvolvimento da atividade empreendedora. São avaliados os seguintes quesitos:

Ambiente regulatório: Complexidade burocrática para abertura de novos empreendimentos e a tributação cobrada, como ISS (Imposto sobre Serviços), por exemplo.

Infraestrutura: Transporte público, redes de internet, gás e energia, entre outros.

Mercado: Renda per capita, índice de desenvolvimento humano (IDH), entre outros.

Acesso a capital: recursos financeiros disponíveis, linhas de crédito, poupança...

Inovação: matéria-prima para transformação e a criação de produtos e/ou serviços

Capital Humano: Acesso e qualidade de mão de obra básica / Acesso e qualidade de mão de obra qualificada

Cultura empreendedora: Iniciativa / Instituições

No ranking de 2023, Juiz de Fora ficou à frente apenas, em Minas, de Montes Claros e Ribeirão das Neves. A cidade perde, por exemplo, para Petrópolis, município próximo na região Serrana do Rio.

A pior análise da cidade foi em ambiente regulatório. Juiz de Fora ficou em 95° lugar, entre as 6 últimas. Ou seja, pelo ICE, a cidade tem dificuldade para facilitar a abertura de novos empreendimentos, além de cobranças mais altas de impostos.

Por outro lado, Juiz de Fora teve a melhor posição no ranking em Capital Humano, 22° lugar, atrás apenas de Belo Horizonte no Estado, e em Infraestrutura, número 23 entre as 101 cidades mais populosas. A melhor de Minas nesse quesito. Confira as outras avaliações de Juiz de Fora no ICE 2023:

Mercado: 48° lugar;

Acesso a Capital: 39° lugar

Inovação: 47° lugar

Cultura Empreendedora: 76° lugar

Em resumo, em relação a Juiz de Fora, o relatório destacou que a cidade possui uma economia diversificada, mas que ainda precisa investir na atração e retenção de talentos, além de melhorar o ambiente regulatório e facilitar o acesso a capital para os empreendedores.

A Prefeitura de Juiz de Fora divulgou uma nota rebatendo as informações do relatório e apontando que alguns índices não refletem a realidade atual:

Na edição de 2023 do ranking Cidades Empreendedoras da ENAP e Endeavor, o ano da publicação pode conduzir à percepção errônea de que seus resultados são o resultado do quadro atual existente na cidade. Uma leitura cuidadosa do documento, contudo, indica que tal entendimento precisa ser matizado. Em qualquer ranking é preciso verificar a consistência dos indicadores que utilizam, das bases dos dados que entram em sua composição e da capacidade de captar a dinâmica real de operação das instituições que avaliam, no caso as cidades, como ambientes favoráveis às atividades empreendedoras.

Os dados utilizados na edição de 2023 do ranking Cidades Empreendedoras da ENAP e Endeavor, não se referem, em sua maior parte, ao ano de 2022. Alguns captam cenários de até 2018 ou mesmo de anos anteriores. Em alguns casos, apuram um conjunto de anos num mesmo indicador, o que pode conduzir a distorções. Assim, não são capazes de captar as mudanças profundas que aconteceram em Juiz de Fora recentemente.

Na segunda edição do “Índice de Concorrência dos Municípios” (ICM), estudo conduzido pelo Ministério da Economia que avaliou o ambiente de negócios e concorrencial de 119 cidades do Brasil, com informações coletadas exclusivamente em 2022, Juiz de Fora aparece com a melhor nota em “Liberdade Econômica”, que indica o peso das exigências para abertura de empreendimentos, reduzida em Juiz de Fora pelo ICM. Na edição de 2021, a cidade estava no 6º lugar nesse item. Em “Segurança Jurídica” a cidade foi da 9ª para a 2ª melhor avaliação no país, em relação à primeira edição do ICM, de 2021,Tal indicador avalia a transparência da gestão em seus atos. No conjunto do ICM, Juiz de Fora passou da 33ª posição, para 13ª.

De todo modo, mesmo com essas ponderações, há pontos nos quais a cidade melhorou sensivelmente sua posição no ranking Cidades Empreendedoras da ENAP e Endeavor: Mercado, Inovação e Infraestrutura. Em “Inovação”, saímos da 73ª posição para a 47ª. Em “Mercado”, da 60ª para a 48ª e, em “Infraestrutura”, saltamos da 69ª posição para a 23ª. A cidade, portanto, está mais rica, mais inovadora e melhor para se viver e investir.

Ainda dentro da métrica que define a pontuação do ranking, o indicador que mais efetivamente fez a cidade perder posições é “Cultura Empreendedora”, que se baseia no número de buscas de algumas palavras-chaves na internet, o que não nos parece um instrumento adequado para avaliar se a cidade dispõe de efetiva cultura empreendedora. A volatilidade do indicador é de tal ordem que, na edição de 2021, Juiz de Fora ocupava a 89ª posição, alcançando a 46ª em 2022 e, na edição de 2023, a 76ª. Não é possível considerar consistente a avaliação de uma dimensão como a cultura com buscas na internet. Juiz de Fora é uma cidade com mais de 50 mil Microempreendedores Individuais (MEIs); tem um robusto segmento de empreendedores na área da Tecnologia da Informação; possui instituições públicas como o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), decisivo na incubação de empresas, é sede regional do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE); dispõe de espaços privados como o Moinho, na Zona Norte, apenas para citar algumas instituições que fomentam o empreendedorismo e produzem inúmeros eventos, altamente concorridos, que comprovam a sólida cultura empreendedora existente no município.

Juiz de Fora é uma cidade boa de se viver e de investir. Podemos sempre melhorar, mas muito tem sido feito nos últimos anos. Basta lembrar a constituição dos Arranjos Produtivos Locais da Cerveja, do Queijo do Caminho Novo e do Setor Têxtil-Confecionista , para fortalecer atividades tradicionais no município; as medidas de desburocratização definidas pela poder público (Sala do Empreendedor, Câmara Integrada de Análise e Aprovação de Projetos – CIAANE, decretos definindo atividades de baixo risco isentos de alvarás e a simplificação e digitalização de procedimentos no atendimento ao contribuinte); a retomada da atração de grandes investimentos, que percebem a mudança em curso na cidade; a aceleração da implantação do Parque Tecnológico da UFJF…

É por esse caminho e com a união de toda a cidade que vamos conseguir alcançar posições cada vez mais destacadas no cenário nacional e internacional

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Acessa.com - Nos Bastidores com Ricardo Ribeiro

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