Comerciantes e moradores da região central de Juiz de Fora se organizaram e participaram nesta segunda-feira, 26, de uma tensa discussão na Câmara Municipal, que contou com a presença de representantes da Prefeitura e, claro, vereadores. Em pauta, os impactos que o espaço emergencial de inverno para pessoas em situações de rua pode provocar no entorno do local escolhido, a rua Fonseca Hermes.

Segundo a Prefeitura, o espaço será instalado nesta terça (27), em prédio próprio da PJF. A informação gerou debates quanto aos aspectos de segurança e atividade comerciais do entorno em consonância com ações de direitos humanos, proteção e ressocialização de pessoas nessas condições.

A proposta é a instalação de um equipamento temporário administrado pela Fundação Maria Mãe, que já tem experiência com pessoas em situação de rua. A secretária de Governo, Cidinha Louzada, disse que essa ação é comum desde o começo da atual gestão municipal. "Já é o terceiro ano consecutivo. Mas, dessa vez, em prédio próprio da PJF, com economia de recursos". Pelos dados apresentados pelos secretários municipais presentes, há na cidade 805 pessoas em situação de rua como resultado das crises política, social e econômica. De acordo com a secretária de Assistência Social, Malu Salim, a cidade conta com quatro casas de acolhimento 24 horas para 200 pessoas em situação de rua. Em outras quatro casas de passagem, 112 pessoas assistidas no auxílio de moradia e mais 83 entidades que cuidam do projeto Mesa da Cidadania, espalhadas por toda a cidade.

Comerciantes e moradores presentes relataram estarem preocupados com o dia a dia da Rua Fonseca Hermes, como a falta de segurança de pessoas que frequentam a rua e a preocupação que o movimento comercial, ainda em recuperação após a crise sanitária, seja prejudicado. Comerciante mais antigo da rua, Abílio Quintino Moreira, foi enfático em dizer que a reunião não trouxe possibilidade de negociação, mas de pressão aos comerciantes e moradores. “Por que não fazem o espaço no Parque de Exposição”?, questionou Abílio. O mesmo questionamento fez Luiz Rinco, também comerciante. "Não somos contra o abrigo, mas vão criar segurança pra gente? Viemos saber qual o projeto para eles e pra nós. Mas aí entendi que não há um projeto para os comerciantes. O descontentamento com a segurança também foi ponderado pela comerciante Laís Wolkartt. Ela destacou ainda ser contraditório a abertura de um espaço emergencial em um edifício sem condições estruturais para receber este público. "Não poderão usar o segundo andar. E quem garante que não subirão? Além disso, não houve diálogo. Viemos para dialogar e não para apenas aceitar".

Em determinado momento da reunião, após uma fala da secretária de Governo, Cidinha Louzada, de que a questão já estava decidida, a maioria dos moradores e comerciantes se retirou da reunião.
*com informações da Câmara Municipal

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Nos Bastidores - Ricardo Ribeiro

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