Descontrolada, desequilibrada, louca. Estes são apenas alguns dos adjetivos dolorosos frequentemente usados durante uma discussão em que uma pessoa busca manipular emocional e psicologicamente a outra. Esse comportamento tóxico nomeado por especialistas como Gaslighting é definido como uma forma de violência psicológica sutil, na qual o abusador mente, distorce a realidade e sempre omite informações, com o objetivo de transformar a realidade do outro, minando sua confiança e senso de autoestima.

Com maior frequência, as mulheres são as principais vítimas. E, aos poucos, começam a duvidar de sua memória e até da sua sanidade mental, o que pode provocar efeitos devastadores. O termo "Gaslighting" tem origem em uma peça teatral e em um filme, nos quais um marido tenta convencer sua esposa de que ela está enlouquecendo, manipulando a iluminação da casa (À Meia Luz, 1944).

Para entender melhor essa forma de violência psicológica, imagine uma situação em que Maria confronta seu parceiro, Pedro, sobre mensagens suspeitas que ela encontrou em seu telefone. Ela expressa suas preocupações e pede uma explicação sobre a natureza dessas conversas. Em vez de ser transparente e abordar a questão com honestidade, Pedro nega veementemente qualquer comportamento inadequado e tenta desviar a conversa, acusando Maria de ser paranoica e ciumenta sem motivo. Ele a faz duvidar de suas próprias percepções e a convence de que está imaginando coisas que não existem, que está ficando “maluca”. Isso deixa Maria se sentindo angustiada, insegura e incapaz de confiar em suas próprias percepções, criando uma brecha de confiança significativa em seu relacionamento.

Os efeitos do Gaslighting podem ser profundos e duradouros. Pense no caso de Joana que confrontou seu parceiro, Lucas, sobre comentários sarcásticos e humilhantes que ele faz constantemente sobre sua aparência e habilidades. Joana expressa como esses comentários a fazem se sentir desvalorizada e magoada. No entanto, em vez de reconhecer o impacto de suas palavras, Lucas nega qualquer intenção de prejudicá-la e, em vez disso, diz que “ela está exagerando e sendo sensível demais”. Ele a faz acreditar que ela é a responsável por suas próprias inseguranças e que está sendo paranoica ao interpretar mal suas palavras. Isso deixa Joana se sentindo confusa, diminuída e incapaz de confiar em sua própria percepção da realidade, minando sua autoestima e autoconfiança de maneira significativa.

Essa prática tão nociva pode levar ao surgimento de casos de transtornos de ansiedade, depressão, baixa autoestima e até mesmo a distúrbios relacionados ao estresse pós-traumático. A pessoa pode se sentir constantemente confusa, desvalorizada e incapaz de confiar em seus próprios pensamentos e sentimentos.

É fundamental reconhecer os sinais de alerta do gaslighting e buscar apoio quando necessário. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), abordagem com a qual eu trabalho, oferece uma ação estruturada e baseada em evidências para ajudar pessoas em situações de gaslighting e infidelidade. Por meio da identificação e desafio de pensamentos distorcidos, fortalecimento da autoestima, desenvolvimento de habilidades de comunicação assertiva, gerenciamento do estresse e ansiedade, e exploração de crenças e valores, a TCC capacita os pacientes a enfrentarem e superarem esses desafios, promovendo uma maior sensação de controle sobre suas vidas e relacionamentos.

Se você está vivendo algo assim ou conhece alguém que passa por isso, busque ajuda. Para mais orientações sobre como lidar com a sua saúde emocional, ansiedade, ter mais autoestima, melhorar seus relacionamentos, combater o estresse e garantir mais qualidade de vida mental, me siga no perfil do Instagram @telmaelisa.psi e aqui nesta coluna todas às quintas-feiras.

Freepik - Gaslighting

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