RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Se você nunca foi ao Rock in Rio e tem dificuldade em entender a geolocalização das celebridades e dos convidados vip, tente imaginar um grande palco (grande mesmo: ele tem 30 metros de altura e 104 de comprimento, é o maior da história do festival), com um gigantesco gramado à sua frente, onde fica o público.

Nas laterais, um camarote enorme de um lado ?o vipão? e, à esquerda de quem assiste aos shows, uma sequência de espaços pequenos em tamanho, mas enormes na disposição para atrair a atenção e, principalmente, conseguir uma interação com o público jovem que vai ao festival.

São os vipinhos, camarotes de marcas patrocinadoras, que recebem entre 150 e 250 convidados por noite. A fórmula de quase todos é a mesma: com três andares, eles reservam o térreo para fisgar, com brindes e "experiências", o público que lota o gramado. Nos dois acima, ficam os convidados, um elenco que inclui parceiros comerciais, influenciadores e celebridades. Muitas delas, por mais que tenham cacife para estar no vipão, optam pelos menores para ter um pouco mais de privacidade.

Broches, viseiras, ursinhos de pelúcia, bolsas, sacos de biscoito: tudo vale a pena para os anônimos, que chegam a ficar até 40 minutos na fila e têm um tempo limitado para desfrutar da experiência de um espaço VIP.

Os agradinhos são distribuídos principalmente para aqueles que compartilham em suas redes algum conteúdo citando a marca, daí os "espaços instagramáveis", quase uma praga, em todos os camarotes.

No vipinho das Americanas, uma aparição relâmpago da ex-BBB Camilla de Lucas causou furor entre o público presente, que disputava partidas de videogame para ganhar descontos em compras futuras.

"Perfeitaaaaa!", gritou um rapaz ao vê-la aparecer ali. Ela cumpriu o roteiro básico dos três "S" dos famosos que "fazem presença": surgiu, sorriu e sumiu. Fez uma propaganda rápida do aplicativo e voltou para o segundo andar, com a promessa de que voltaria depois.

Cada camarote vipinho mira, claro, em seu público. Na Heineken, 12 especialistas na arte de tirar chope vieram de Amsterdam para mostrar aos brasileiros como se faz. Dizem eles que são dois dedos de espuma, nem um centímetro a mais. "Tem que ser assim", atesta o diretor de marketing da cervejaria, Eduardo Picarelli.

Já os millenials que vão ao espaço do Tik Tok têm jujubas, docinhos e bolos de chocolate no palito ("cake pops") à disposição no camarote ?um dos poucos 100% restritos aos seus convidados.

Uma piscina de ursinhos de pelúcia com as cores do aplicativo também foi instalada ali, como um chamariz para boas fotos. "Mas o pessoal está gostando mesmo é de levar os ursinhos para casa. A gente deixa, tudo bem", resigna-se um funcionário do espaço.

No terraço, a coisa fica mais adulta. O bar bomba e mulheres em roupas provocantes dançam de frente para as câmeras. Tudo vira conteúdo.

O que esses camarotes têm em comum são os bares, todos com releituras dos mesmos drinques (gin tônica, sex on the beach, caipivodca), comidinhas que dispensam o uso de pratos e talheres (sanduíches, miniquiches, castanhas, salgadinhos) e pequenos espaços para apresentações de músicos ou DJs.

Isso sem falar na vista para o palco, tão lateral quanto a de seu primo rico do outro lado da multidão, o camarote vipão. No mundo dos "very important" só falta aquilo que o público pagante tem de sobra: uma visão privilegiada dos shows do Rock in Rio.


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