Itens emblemáticos do acervo do Museu Mariano Procópio, como a tela Tiradentes Supliciado, a cadeira do 'beija mão' utilizada por Dom João VI, os fardões utilizados por Dom Pedro II nas cerimônias de maioridade e casamento, além de móveis, fotografias, porcelanas, entre outros, fazem parte da exposição "Rememorar o Brasil: a independência e a construção do Estado Nação". A mostra marcou a reabertura do Museu, que ocorreu em cerimônia realizada na noite desta terça-feira (6). A iniciativa faz parte das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, celebrado nesta quarta-feira (7), data em que o público poderá se reencontrar com parte da coleção do Museu.
Há mais de 15 anos, uma parte dos objetos que passaram pela curadoria para a exposição não era exposta para o público. O que permitiu que a reabertura se tornasse possível, foi a instalação de um filtro no lanternim da Galeria Maria Amália Ferreira Lage. A historiadora Rosane Camanini Ferraz, que é supervisora e gestora do acervo em papel- que inclui a coleção bibliográfica, fotográfica, o acervo documental e hemeroteca- explica que, com a proteção contra os raios solares UVA e UVB, outros itens, além das estátuas que fizeram parte da exposição "Esplendor das Formas", em 2016, puderam ser reunidos no espaço.
"O Museu Mariano Procópio é o primeiro Museu de Minas Gerais. É um dos mais importantes do Brasil, com um acervo muito eclético, que tem desde minerais a itens de história natural. Conta com acervo de fotografias, pinturas, indumentária, exonumia, porcelanas e muito mais. Por isso, ele é muito importante, não só para Juiz de Fora, mas também para Minas e para o Brasil. Tanto que o Museu é tombado a nível municipal, estadual e nacional", ressaltou Rosane.
Na primeira etapa da reabertura, quatro salas foram poderão ser acessadas pelo público. A prefeita Margarida Salomão anunciou que o segundo andar do museu será reaberto para a população em dezembro. A terceira e última fase da reabertura é prevista para março de 2023, com a possibilidade de visitação do público à Villa Ferreira Lage.
Reconhecimento de esforços
Durante a cerimônia, a prefeita Margarida Salomão recebeu das mãos da diretora da Fundação Museu Mariano Procópio (Mapro), Maria Lúcia Horta Ludolf de Mello, a medalha do Sesquicentenário do Nascimento de Mariano Procópio Ferreira Lage. "A prefeita Margarida acreditou nessa dedicada e competente equipe, depositou sua confiança e se empenhou para chegarmos ao sucesso de entregarmos a preciosa joia da cidade de Juiz de Fora, o Museu Mariano Procópio, à população da brava gente brasileira", disse Maria Lúcia.
A diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida, reverenciou a memória, fazendo menção à ligação afetiva que a população tem com o Museu, mas também destacando a importância da preservação. "Quando falamos de museu, nós, necessariamente, estamos falando de memória. Da preservação da memória, para que a nação se desenvolva". Giane pontuou a importância de pensar o papel da museologia nos 200 anos de Independência do Brasil.
"É muito importante que a gente possa, a partir de agora, com a ajuda incondicional de Maria Lúcia e dos trabalhadores e trabalhadoras do Museu, ter uma museologia que seja a cara de Juiz de fora. Que represente as pessoas que construiram essa cidade", afirmou a diretora-geral. Giane ainda reiterou o convite para que as famílias aproveitem e visitem o Museu.
A prefeita Margarida Salomão explicou que a Independência não deve ser apenas celebrada, mas também compreendida. "Compreendida em tudo o que ela tem de incompleta. Mas, de todo modo, é o primeiro passo para uma conquista que o povo brasileiro deve a si mesmo." A chefe do Executivo lembrou que, quando ocorreu a Independência, grande parte da população não estava em condições de aspirar a cidadania, porque eram escravizadas. "Desde então, estamos vivendo etapas de descoberta e de conquista que devem ser lembradas, para que nós possamos nos animar a fazer tudo aquilo que ainda devemos fazer."
A Prefeita ressaltou a generosidade de Alfredo Ferreira Lage, na construção do acervo, que segundo ela, se compõe de 'memórias inauditas, mas não inaudíveis'. "E que nós devemos fazer ouvir e repercutir. Afinal de contas, estamos há 101 anos de vida desse museu. Um ano após, em 1922, nós tínhamos a semana de arte moderna que produziu grandes memorialistas, diferente da memória consagrada que nós visitaremos ali. A memória irreverente, anarquista de Murilo Mendes, de Pedro Nava, mas que se compõe com esse mosaico."
Para Margarida, no entanto, nenhum deles é mais representativo do que a principal obra da coleção: o quadro de Tiradentes esquartejado. "É extraordinário que seja o esquartejamento de Tiradentes o grande emblema dessa composição que havemos de fazer. É importante lembramos do que nos disseram os lutadores do século XX: 'Se não houver pátria pra todos, não haverá pátria para ninguém'”.
Cronologia como fio condutor
A exposição "Rememorar o Brasil" é contada na linha do tempo. A primeira sala aborda o final do século XVIII, o fim do Brasil Colônia, o período da Inconfidência Mineira. A segunda sala abriga itens do Período Joanino, em que Dom João VI chega ao Brasil e traz uma série de mudanças para o país. "Nós nos acostumamos a dizer que a nossa Independência começou com a chegada dele, em 1808. Em 1822, é só um fato, que culmina com a nossa independência. Mas a nossa Independência mesmo começa muito antes disso", relembrou a historiadora Rosane Camanini Ferraz.
Na Galeria Maria Amália o foco são os objetos associados ao Primeiro e ao Segundo Reinado, que é, na verdade, segundo Rosane, o grande impacto, em relação ao acervo do museu. A última sala abriga o Núcleo: "Republicanos e Monarquistas, conflitos e conciliações". A exposição, ainda de acordo com Rosane, dialoga com a inauguração da Galeria Maria Amália, que se deu em 1922, no centenário da Independência.
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