BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O artista Emanoel Araújo, morto nesta quarta-feira aos 81 anos, teve 13 de suas obras destruídas num incêndio de grandes proporções num galpão em São Paulo no ano passado.

As esculturas estavam em trânsito para uma mostra dele nos Estados Unidos. Na ocasião, o artista disse que foi um "choque enorme" a notícia de que seus trabalhos estavam no acidente.

"Quando você perde uma obra, é muito difícil porque não dá para reconstruir. É uma coisa feita no passado, está perdida mesmo", disse Araújo. "É um abalo moral à obra e ao artista", afirmou.

"Não tem justificativa, é uma falta de atenção, de responsabilidade. Pode falar o que quiser, mas nada que se disser resolve."

Araújo ainda recordou que, quando morava em Nova York e foi apresentado a uma secretária de Cultura da cidade, ela disse que artista vinha "do país que taca fogo nos museus".

O intelectual relembrou também a tragédia no MAM do Rio em 1978 ao falar desse incêndio. O caso é considerado um dos mais graves do país, quando quase todo o acervo do uruguaio Joaquín Torres-García foi destruído.

"Foi realmente uma fatalidade que aconteceu e várias galerias estavam deixando obras estocadas com eles", disse Guilherme Simões de Assis, sócio da galeria Simões de Assis, responsável pelas obras do artista. "São obras históricas de um artista que já tem 80 anos de idade e está tendo um reconhecimento no exterior. É um pedaço da arte brasileira que vai embora", afirmou o sócio, sobre as esculturas de Araújo.

Araújo foi um dos gigantes das artes de raiz afro-brasileira no país. Durante mais de seis décadas, ele construiu uma carreira múltipla que ia da escultura à ilustração, da gravura à cenografia, sempre ressaltando o papel da herança negra na cultura nacional.


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