SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O futuro distópico de "The Handmaid's Tale" ("O Conto da Aia", na tradução brasileira) assusta pelas semelhanças com a realidade não apenas quem assiste à série, mas também quem a produz. O criador, Bruce Miller, diz que sempre se surpreende ao ver que o que foi imaginado muitas vezes acaba encontrado ecos, tempos depois, nas páginas de jornal.

"Nós roteiristas nunca tentamos pensar à frente do que está acontecendo no mundo real, nós tentamos fazer isso no nosso universo ficcional", explica em bate-papo com jornalistas, do qual o F5 participou. "Infelizmente, o mundo real tem a mania de nos alcançar. Não tem nada de divertido em imaginar a pior coisa que você consegue e depois ver isso acontecendo. É horrível."

A quinta temporada da série, que imagina um golpe teocrático que transforma boa parte do território dos Estados Unidos em uma nação ultraconservadora chamada Gilead, chega ao Brasil pelo serviço de streaming Paramount+ no próximo domingo (18). A trama é retomada após June (Elisabeth Moss) conseguir pôr em prática sua vingança contra o comandante Waterford (Joseph Fiennes).

Na temporada anterior, June conseguiu finalmente sair de Gilead, onde as mulheres perderam todos os direitos e, após uma pandemia de infertilidade, algumas serem forçadas a manter relações sexuais à força para garantir a reprodução dos generais de alta patente do país. No caso dela, Waterford foi quem a estuprou repetidas vezes.

Agora, o foco da personagem será recuperar a filha, Hannah, que foi tirada de seus braços e dada para adoção a uma família de Gilead. O ator OT Fagbenle, que interpreta Luke, o marido de June, adianta que os dois embarcarão em uma jornada com essa finalidade.

"Não quero que os caras de Gilead me peguem por falar demais", brinca ao ser perguntado se o casal irá entrar em Gilead com essa finalidade. "Mas posso dizer que recuperar a Hannah é sempre uma prioridade para Luke e June, e que eles farão de tudo para isso. Desta vez, eles vão mais longe do que nunca."

Outra personagem que vai mais longe do que nunca é Serena Joy, vivida por Yvonne Strahovski. Mulher do comandante Waterford, ela terminou a temporada sem saber da morte do marido. Agora, terá de lidar com o luto e se reinventar --tudo isso enquanto espera um filho.

"Acho que a Serena sempre esteve de luto pela primeira parte do relacionamento dela, a parte em que eles eram um casal poderoso", avalia a atriz. "Eles realmente se amavam e poderiam ter sido incríveis juntos, por isso acredito que essa perda seja duplamente arrasadora para ela."

No entanto, a personagem deve conseguir dar a volta por cima e se tornar o maior calo no sapato de June nessa temporada. Apesar do medo por saber do que a ex-aia é capaz, ela passa a recrutar novos apoiadores onde menos se espera.

"Eu aguardo ansiosamente as cenas em que as duas vão se enfrentar", diz Strahovski. "Elas são bem saborosas. As pessoas podem achar que não, mas nos divertimos gravando. É muito legal poder mergulhar fundo com alguém que tem ótimos instintos e tentar dar o mesmo em troco."

A série é baseada no livro homônimo de Margaret Atwood, porém a história que a autora havia escrito se encerrou no final da primeira temporada. O criador diz que sempre volta à obra original para decidir os rumos da história, mas que também conversa bastante com a autora.

"Algumas pessoas me dizem que eu devo seguir o livro, mas o livro já foi todo na primeira temporada e, para falar a verdade, termina de um jeito bem frustrante", comenta Miller. "Esse é o maior motivo para eu ter querido fazer a série. Eu queria saber o que acontecia depois (risos)."

Para o produtor executivo Warren Littlefield, a temática foi dada pelo livro, mas a série continua tendo destaque por se manter antenada com a realidade. "Sempre dizemos que gostaríamos de ser menos revelantes", conta. "Infelizmente, o mundo continua nos dando novos assuntos. A gente nunca fica sem material."

Bradley Whitford, que interpreta o comandante Lawrence na série, concorda e lembra da recente decisão da Suprema Corte americana que extinguiu o direito ao aborto. "É um paralelo chocante e perturbador", afirma. "A relevância é lamentavelmente crescente no nosso atual momento político. Tenho filhas mulheres e é um momento aterrorizante."

"Acho que o trabalho da Margaret nos alerta sobre o perigo que é o fascismo e que talvez os ideais de uma sociedade mais democrática e inclusiva foram tidos como algo que estava garantido", continua. "Além disso, a jornada da June nos leva a questionar, independente da circunstância política, como é possível manter a humanidade em um mundo desumano."

Na trama, Lawrence foi um dos intelectuais cujo trabalho foi usado como justificar o golpe que instaurou Gilead. Porém, ele muitas vezes acaba ajudando pessoas que estão em situação difícil, como a própria June.

Quem também costuma ajudá-la é Nick Blaine (Max Minghella), que começou a série como motorista do comandante Waterford, mas foi crescendo na hierarquia de Gilead e se tornou comandante ele próprio. Ele e June tiveram um romance secreto no passado, que resultou em uma filha que está com a ex-aia no Canadá.

Foi ele, por exemplo, quem entregou Waterford a June para que ela desse cabo de sua vingança. Perguntado se isso pode fazer com que o futuro de seu personagem esteja em perigo, ele desconversa. "É uma ótima questão", diz. "Espero ainda ficar na série por um tempo. O engraçado de fazer televisão é que você não sabe o que vai acontecer no episódio seguinte."

Divulgação - "The Handmaid's Tale"

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