SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - As mulheres fruta voltaram ao holofote por causa da participação de Moranguinho em "A Fazenda 14". Marcela Porto, que na época se apresentava como Mulher Abacaxi, recorda o período. Ela conta ser vítima de transfobia de alguns funkeiros.
"Na época tinha muito preconceito. Eu fazia várias capas de CDs e DVDs, mas não falavam quem eu era. Só aparecia a minha foto e o nome da equipe, para não associar o nome da equipe a uma mulher trans. Essa é a verdade", recorda.
Ao contrário da maioria das outras mulheres frutas, Marcela não era dançarina. A caminhoneira cantava, chegou a lançar várias músicas e gravou um DVD da Furacão 2000. Mas em suas apresentações, a empresária tinha que lidar com o preconceito.
"Muitos DJS e MCs davam gargalhadas quando eu entrava. Sofri muito preconceito por ser trans no meio artístico, menos do público que sempre com carinho comigo", destaca a cantora.
Marcela acredita que por ser uma mulher trans não tinha tanto destaque como outras mulheres frutas. Ela celebra que, atualmente, a diversidade seja abraçada."Até a imprensa tinha muito preconceito também na época, muitos não me chamavam para ir aos programas de TV por eu ser transexual, mas com o tempo fui ganhando meu espaço na mídia. A vida é um ciclo", afirma.
Mas ela não culpa os produtores dos programas de TV. Ao contrário, Marcela pontuou que a sociedade não estava preparada para ver na época uma trans sensual. "Com certeza que não. Transex não podia ser gostosa, só engraçada para ser bem aceita", ponderou.
Da época, apenas uma mulher fruta se transformou em uma grande amiga da caminhoneira: a Mulher Maçã."Gracy Kelly é minha amiga até hoje. Ontem mesmo estávamos fofocando no WhatsApp. Eu na Europa e ela nos Estados Unidos. Uma irmã no que ganhei na salada de frutas", brinca.
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