SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O francês Jean Schlumberger é tido como o principal designer de joias do século 20. Em 1956, Schlumberger aceitou o convite do magnata Walter Hoving para ingressar na marca americana Tiffany & Co., onde faria história com seus desenhos, alguns deles agora no Brasil, em valores que vão de R$ 203 mil até R$ 2,5 milhões.
Suas criações combinam o refinamento de rubis e diamantes ao exotismo de ametistas e safiras para dar contornos às formas da natureza. Segundo o artista, os croquis eram o único elo entre o cliente, o artesão e o criador.
Neles, fauna e flora não se limitavam a representações, como nos broches Ave do Paraíso ou Ave Marinha. Schlumberger buscava captar no traço de seus desenhos a paisagem tal como se apresentava, com fluidez e irregularidade.
Schlumberger nasceu na Alsácia, em 1907, numa família rica, do ramo têxtil. Na infância, já demonstrava talento para o desenho, mas seus pais o obrigaram a estudar finanças em Berlim. Como não tinha talento para a matemática, logo trocou a capital alemã por Paris, onde começou a desenhar para a estilista Elsa Schiaparelli.
Nesse período, surgiu o famoso isqueiro dourado, na forma de peixe, com olhos cravejados de pedras preciosas.
O designer chegou a se alistar no Exército francês durante a Segunda Guerra Mundial, tendo desertado em Dunquerque. Em seguida, atravessou o canal da Mancha até a Inglaterra, desembarcando, então, em Nova York.
No fim dos anos 1940, Schlumberger já era o queridinho das mulheres poderosas daquele tempo, como a atriz Elizabeth Taylor e Jacqueline Kennedy, mulher do então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, que usava o broche Two Fruits, em rubi e diamante.
A peça tem o desenho de duas cerejas, postas em diagonal, de forma que o cabo dos dois frutos coincidem em duas linhas douradas, formando um "X".
Em seu estúdio, que ficava na sede da Tiffany & Co., na Quinta Avenida, ele criou seus dois modelos clássicos. O primeiro, o broche Bird On a Rock tem a um só tempo delicadeza e brutalidade. Afixado a um pesado diamante, o corpo de um pássaro pende na horizontal, quase desenhando uma meia-lua.
A forma se mantém, mas, para a construção do broche, há diversas variações de material. A mais valiosa, porém, surgiu em 1995, quando o diamante Tiffany serviu de sustentação para a ave, numa homenagem póstuma ao designer.
O famoso diamante, amarelo, foi descoberto em 1878 por Charles Lewis Tiffany, o fundador da marca, e nunca esteve à venda, se tornando um símbolo de luxo quando usado pela atriz Audrey Hepburn ou, em tempos mais recentes, pelas cantoras Lady Gaga e Beyoncé.
Outra criação clássica de Schlumberger foram as pulseiras esmaltadas, agora no Brasil, por suntuosos R$ 363 mil. O artista resgatava ali um estilo clássico, porque o esmalte em paillonné é típico da joalheira do século 19. Nas joias, as cores fortes, que mais parecem tintas de parede, preenchem folhas de ouro de 18 quilates.
Schlumberger olhava para o passado de um modo bem original, tanto que o exotismo era uma forte característica de seus desenhos. Por isso, viajava o mundo -Bali, Índia, Tailândia, destinos onde encontrava pedras de cores vivas, como o berilo amarelo e as esmeraldas, que representavam a modernidade do design joalheiro.
Ao presente, sua influência parece ensurdecedora à equipe de designers da Tiffany, mesmo em contextos tão diferentes. A nova coleção sem gênero, batizada Lock, está impregnada dos ideais do artista que revolucionou o mercado.
Segundo a equipe de designers, os braceletes da série atual foram inspirados na tradição joalheira, com um sistema inovador de fecho -um mecanismo giratório com a funcionalidade do cadeado.
Ao mesmo tempo, a própria marca anunciou que vai resgatar os modelos de Schlumberger, modernizando seus desenhos e criando peças inéditas, a partir de sua combinação de pedras.
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