SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Yuri Ferreira de Almeida, também conhecido como DJ Kotim, de 13 anos, viu a vida se transformar em 2022. O garoto foi o responsável pela criação das bases para a música "Casei Com a Putaria".

De setembro até a primeira quinzena de outubro, a faixa alcançou o 1º lugar no ranking nacional das principais plataformas de streaming. Duas semanas depois, a canção, que conta com versos escritos pelos MCs Paiva e Ryan SP, ainda permanece entre as mais ouvidas.

Em conversa com a reportagem, o artista e a mãe dele, Simone Ferreira, falaram sobre o início da carreira, a mudança da família para São Paulo (SP), a relação do garoto com a escola, o conteúdo das letras de funk e os efeitos do sucesso.

'CASEI COM A PUTARIA'

A música é um fenômeno digital. Em apenas três meses no YouTube, o clipe já acumula mais de 95 milhões de visualizações e segue na lista de tendências de crescimento ? de acordo com consulta realizada na plataforma no dia 27 de outubro.

A canção, embora não tenha sido escrita por ele, apresenta trechos que falam de questões como sexo, como: "Casei com a putaria não abandono nunca. Adoro a pernoitada vivência maluca. Faltou comida em casa, eu procuro na rua".

A mãe, que também é produtora do músico, ressalta, porém, que conversa com o filho e acompanha de perto o trabalho dele. De acordo com Simone, tanto ela quanto o garoto encaram a vida profissional de "Kotim" como um personagem e que fora do escritório ele é apenas uma criança.

"O que ele escreve não é o que vive. Ele simplesmente ouve, lê e assiste muita televisão para poder escrever as letras dele. É como se fosse um universo paralelo. Ele escreve aquilo, mas não é uma coisa que ele vive. O meu papel de mãe é mostrar o que é certo", explica.

TRABALHO E ESTUDO

Yuri vem experimentando as consequências da fama desde que a música estourou na internet. Simone, no entanto, afirma que busca orientar o filho sobre a importância de conciliar as obrigações da função com a rotina de estudos.

"O estudo vem em primeiro lugar. A gente faz tudo baseado nos horários. Para faltar na escola só se tiver um clipe ou alguma coisa que justifique. A escola tenta ajudar ao máximo. Quando precisa faltar, ele faz trabalhos de escola para compensar. É tudo muito bem organizado com a escola", conta.

Durante a semana, a rotina do músico fica dividida entre as obrigações do colégio e as demandas do trabalho. Quando está entre os amigos da escola, porém, o garoto diz que faz questão de ser tratado apenas como Yuri.

"Está sendo tranquilo. Eu tenho o meu tempo de ir para a escola e o meu tempo para o trabalho. Eu levo a minha vida de criança e a minha vida de profissional. Na escola, eu não gosto de ser tratado como o Kotim que trabalha. Eu gosto de ser tratado como Yuri."

É depois da escola, no entanto, que entra em campo o personagem. "Eu me visto de Kotim. Tomo um banho, mudo de roupa e vou para a Love Funk. Eu fico até às 9 da noite, mais ou menos, quando eu passo muito é umas 11 horas. Aí a minha mãe já fica brava comigo e nós vamos embora."

O INÍCIO E A MUDANÇA

Kotim começou a editar os primeiros vídeos ainda aos 8 anos, quando nem imaginava a dimensão que a própria música poderia alcançar tempos depois. Com um notebook na mão, presente que ganhou da mãe, ele encontrou o meio para aperfeiçoar o próprio talento.

O primeiro contato com a produção de beats de funk aconteceu por acaso, enquanto Yuri tentava entender como reproduzir um efeito em um dos seus vídeos.

"Eu estava editando um clipe e fui pesquisar como fazer no app aquele efeito, aquele som de quando você entra na piscina e fica com os ouvidos tampados. Pesquisando, eu vi uma recomendação do YouTube, que dizia: 'Como fazer um beat de funk'. Eu baixei o aplicativo na hora e comecei a aprender", contou.

O garoto, que chegou a passar por duas agências em Belo Horizonte, Minas Gerais, também abriu o próprio escritório na capital mineira. No aniversário de 12 anos, no entanto, ele trocou mensagens de texto com o dono da Love Funk ?agência que cresceu significativamente ao longo dos últimos dois anos? e viu a própria vida se transformar dali em diante.

"Depois da minha festa de aniversário, eu mandei um oi para o Rato. Passou uns 20 ou 30 minutos e ele mandou o número dele. Eu travei. Fiquei parado. Foi quando eu disse para a gente fechar um trabalho. Ele já chamou para vir a São Paulo e falou que mandaria o dinheiro", lembra o DJ de 13 anos.

Kotim acabou fechando contrato com o escritório e a mudança para São Paulo ficou inevitável. "O Rato [dono do escritório] chegou e falou: 'Vocês vão voltar para BH amanhã e já pode buscar as suas coisas. Quando você voltar nós vamos assinar um contrato e já vão ter onde viver'. Eu fiquei muito feliz. Foi o dia mais feliz da minha vida. Mudou tudo. Mudou a vida da minha mãe, do meu pai, da minha família".


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