SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sob o sol forte que dominou as ruas paulistanas nesta quinta-feira (10), fãs de Rolando Boldrin foram à Assembleia Legislativa de São Paulo, a Alesp, para se despedir do músico, ator e apresentador de TV, que morreu na quarta-feira, aos 86 anos.
"Você não pode se esquecer de onde você é e nem de onde você veio, porque assim você sabe quem você é e para onde você vai", dizia a frase do escritor Ailton Krenak no cartaz ao lado do corpo velado de Boldrin.
Presentes como uma miniatura de violão, um artesanato de passarinho, uma pintura e uma rosa vermelha foram postos sobre o apresentador.
Entre os fãs, alguns usavam roupas em verde e amarelo, com símbolos do Brasil. Parte deles só tiveram que atravessar a rua para ir ao velório. Isso porque estão acampados na avenida Sargento Mario Kozel Filho, entre o prédio da Alesp e as instalações do Comando Militar do Sudeste.
Ali estão manifestantes golpistas que não aceitam o resultado das eleições e a derrota de Jair Bolsonaro, do PL. Eles pedem intervenção das Forças Armadas.
"Lá no acampamento tem comida? Tô começando a ficar com fome", disse uma mulher com a bandeira brasileira amarrada sobre as costas à pessoa que estava ao seu lado.
Questionadas se faziam parte do grupo de manifestantes, elas confirmaram. Uma delas disse, com orgulho, que membros do grupo prestaram lindas homenagens a Boldrin.
Sobre a participação no velório de Gal Costa --também morta nesta quarta-feira--, marcado para ocorrer no mesmo local, na sexta-feira, ambas falaram que não comparecerão.
Uma argumentou ter compromisso, ressaltando que "Gal era uma cantora maravilhosa" e está triste com sua morte, independentemente de diferenças políticas --a cantora apoiou Lula, do PT. Já a outra fez uma careta ao ouvir o nome da artista, mas negou que sua ausência no velório é atrelada a divergências ideológicas.
Parlamentares da Alesp temem confusões entre os manifestantes e fãs da Gal. Nesta quarta, a bancada de deputados estaduais do PT enviou um ofício ao general João Camilo Pires de Campos, secretário estadual de Segurança Pública, solicitando que a Polícia Militar retire o grupo do local.
Nem todos que estavam de verde e amarelo no velório de Boldrin eram manifestantes golpistas. Antônio da Paz, por exemplo, vestia uma camisa repleta de bandeiras do Brasil, mas disse que não apenas está fora do acampamento, como também é eleitor de Lula. Ele segurava um cartaz de homenagem ao apresentador e dizia, com lamento, que ele deixará saudades.
O clima político também estava marcado numa das coroas de flores que cercavam o corpo do apresentador, assinada por Lula e Janja.
O velório de Boldrin encerrou num clima emocionante, com músicos, amigos e familiares cantando juntos.
O sepultamento do apresentador será realizado no cemitério Gethsêmani Morumbi, às 17h.
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