SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O caso de racismo sofrido pelo cantor Seu Jorge segue com investigações em curso. De acordo com a delegada do caso, Andrea Mattos, nesta sexta (11) mais testemunhas prestarão esclarecimentos.
"Estamos na fase de ouvir algumas pessoas. Hoje [sexta, 11] será a equipe de imagem e som. Semana que vem terá mais uma testemunha que disse ter ouvido as ofensas racistas, além dos músicos da banda. No mais é aguardar a perícia", explica a delegada à Folha de S.Paulo.
De acordo com ela, a perícia analisa mais vídeos enviados pela própria delegada. A ideia é tentar melhorar a qualidade dos áudios para detectar se houve mais algum tipo de ofensa racista até então não percebida. "É mais um elemento de prova", diz a delegada.
Andrea Mattos afirma que por enquanto foram sete pessoas ouvidas. Desse montante, ela conta que quatro presenciaram de fato falas discriminatórias.
Na última terça (8), a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou por unanimidade que Seu Jorge deverá receber uma Medalha do Mérito Farroupilha. O evento ainda não tem data para acontecer.
RELEMBRE O CASO
Seu Jorge foi hostilizado e sofreu ataques racistas da plateia de um show realizado no dia 14 de outubro, no Grêmio Náutico União, tradicional clube de Porto Alegre. Testemunhas relataram nas redes que as manifestações começaram pouco antes do fim do espetáculo, quando o cantor chamou ao palco um músico adolescente, negro, tocador de cavaquinho.
Seu Jorge fez em seguida uma breve fala contra a redução da maioridade penal, em que citou a morte de jovens pretos da favela. Assim que saiu do palco "começou a avalanche de vaias, aos gritos de vagabundo, safado, e o esperado mito!, mito!, mito!", descreveu uma das pessoas presentes ao show. Imitações de macaco também foram ouvidas, vindas da plateia.
O Grêmio Náutico União, em nota oficial, disse que apuraria o caso e "se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados". Afirma ainda que respeita Seu Jorge e que repudia o racismo.
Dias depois, o artista deu sua versão ao Fantástico (Globo). "Não podemos compactuar com a covardia. Se você vir qualquer crime de racismo, denuncie", disse o cantor.
Questionado pela repórter se os ataques foram motivados por política, o cantor desabafou que não existe justificativa para o racismo. "Estamos tratando de uma violência que não cabe mais no Brasil. A justificativa para o racismo não existe, assim como o racismo não deveria existir", enfatizou.
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