SALVADOR, BA - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira se manifestou pela primeira vez sobre a indicação de Margareth Menezes para o comando do ministério na próxima gestão. O tom foi de pacificação em meio a críticas ao nome da artista, impulsionado nas últimas semanas.

Ferreira afirmou que "essa confusão é desnecessária e produz muito ruído" em uma mensagem enviada a um grupo de WhatsApp com amigos e conhecidos do setor cultural de Salvador, na Bahia, pouco antes da diplomação do presidente eleito.

"Não tem nenhum erro na aceitação de Margareth. O convite feito pelo presidente é tentador para qualquer um que venha a receber um convite semelhante", escreveu.

"Por outro lado, não tem nenhum demérito na expectativa da área cultural de ter um gestor já testado à frente do Ministério da Cultura. A situação da cultura é grave, tudo está remexido e destruído", acrescentou, num aceno aos dois lados da disputa.

Logo depois de aceitar o convite, Menezes viu seu nome entrar em fritura tanto por gestores culturais quando por uma ala do próprio PT. Alguns criticaram a falta de um passado sólido de gestora, salvo pela criação da Associação Fábrica Cultural, em Salvador.

Outros defendiam que, com um cenário de desmonte generalizado da Secretaria Especial de Cultura e suas autarquias, era preciso um nome técnico, capaz de ajustar mecanismos como a Lei Rouanet com um orçamento ainda mais estrangulado.

Entre os cotados logo após as eleições para comandar a pasta, Ferreira era visto como o nome com mais experiência na gestão pública, mas sua indicação não foi para frente.

Após convidar outros artistas para a direção do futuro ministério, Lula disse a interlocutores que queria Ferreira como secretário executivo da pasta, mas o ex-ministro recusou a ideia e afirmou que Menezes é quem deve escolher os cargos de confiança, para não criar uma disputa interna de poder.

Menezes integra a equipe de transição da Cultura, para a qual foi convidada depois de criticar a ausência de negros entre os responsáveis por avaliar o setor na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Apesar dos ruídos com sua indicação, seu nome já está consolidado. O anúncio deve ser feito entre esta segunda (12), na diplomação, e terça (13).

Partiu da socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher de Lula, a sugestão para que Menezes comandasse o Ministério da Cultura, que deve ser reconstruído no próximo governo após ser rebaixado a secretaria por Bolsonaro.

Seu nome, entretanto, não foi a primeira opção do petista. A princípio, a atriz Marieta Severo e o rapper Emicida foram procurados, mas não aceitaram a proposta. O próprio Lula sondou Severo.

Após a vitória nas eleições, Lula vinha manifestando seu desejo de levar outra vez um símbolo ao Ministério da Cultura, para repetir o efeito da nomeação do compositor Gilberto Gil em seu primeiro mandato.

De preferência, a ideia é que fosse uma mulher ou uma pessoa negra. Janja também apostava no impacto de um grande artista e, com o fracasso dos primeiros convites, defendeu o nome de Menezes, cantora negra que é ícone do Carnaval baiano.

No entanto, as indicações de Janja, que é também próxima do secretário nacional de Cultura do PT, Márcio Tavares, acabaram desagradando algumas alas do partido, que esperavam nomes mais técnicos no comando do órgão.


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