SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Fábio Porchat é o Mick Jagger brasileiro? Bastou a presença do humorista no jogo em que o Brasil perdeu de um a zero para Camarões, para ele herdar a fama de pé-frio do vocalista dos Rolling Stones.
"O futuro da seleção depende da minha presença no estádio!", ri Porchat durante uma entrevista por videoconferência. "Não sabia que eu tinha esse poder. Vou começar a ameaçar o país. Se vocês não depositarem uns Pix na minha conta, eu vou para a final no Qatar!".
Infelizmente, estamos fora da Copa. Fomos derrotados pela Croácia dois dias depois dessa conversa. Porchat é inocente: neste jogo fatal, ele estava no Brasil.
Mas ele é responsável por uma hecatombe ainda maior. Matou Papai Noel, além de muitas outras vítimas, no novo especial de Natal do Porta dos Fundos -o primeiro, em nove edições, a não fazer troça da religião.
"Quando eu comecei a escrever o roteiro deste ano, comecei a cair um pouco nos mesmos lugares, nos mesmos assuntos. Isso é chato. Mais do mesmo não me interessa. Então, por que não mudar? Vamos para outro lado, que não é totalmente religioso, mas ainda é Natal: Papai Noel. O que a gente pode fazer com ele que seja o pior? O pior é matar o bom velhinho".
"O Espírito do Natal", que estreia em 21 de dezembro na plataforma Paramount+, é uma história de terror. Terror mesmo, não "terrir". "Eu não queria fazer um "Todo Mundo em Pânico". Se a gente não levar isso a sério, o público também não vai levar", acrescenta Porchat.
A trama se passa numa casa isolada nas montanhas, onde um grupo de amigos vai para fugir das festas natalinas. Mas um homem misterioso invade o local à noite, e acaba sendo morto por um dos integrantes da turma. Um erro terrível: o sujeito era Papai Noel, e sua morte desencadeia uma terrível vingança perpetrada por suas renas, seus duendes e sua esposa, Mamãe Noel.
"Não tem rena em lugar nenhum no Brasil", conta o humorista. "Quando eu soube que elas teriam que ser feitas em computação gráfica, me assustei: isso aqui vai virar "Os Mutantes" (novela exibida pela Record em 2007, famosa por seus toscos efeitos especiais). Mas acabei gostando muito do resultado".
Fábio Porchat e Antonio Tabet fazem um casal gay no especial, com direito a um beijo em frente às câmeras. "Ih, eu já beijei o Gregório Duvivier, o Rafael Portugal, quase todos os atores do Porta dos Fundos. Sempre foram selinhos, nenhum foi beijo de língua. Mas os roteiros foram todos escritos por mim. Preciso discutir isto com meu analista", ri Porchat.
Apesar do sangue que jorra na tela, este deve ser o menos polêmico dos especiais de Natal do Porta dos Fundos. Para quem não se recorda: o especial de 2019 trazia um Jesus gay, e o prédio onde fica a sede do grupo no Rio de Janeiro foi atacado com coquetéis molotov por extremistas de direita.
"No ano seguinte, eu me senti obrigado a tirar sarro novamente da religião, para mostrar que os terroristas não venceram. Hoje o Brasil está em outro momento. Estamos saindo de um governo negacionista, obscurantista, que luta contra a democracia. Então agora estamos avisando às famílias que elas podem assistir juntas ao nosso novo especial de Natal, porque, dessa vez, ninguém vai brigar. Vamos unir o Brasil".
Fábio Porchat já está com a agenda cheia para 2023. Sua série "Homens", que teve duas temporadas na Amazon Prime Video, talvez seja concluída com um longa-metragem. Ele também deve estrelar "Amigo É Para Essas Coisas", um filme para o Paramount+, além de estrear a quinta temporada do talk show "Que História é Essa, Porchat?" no GNT e retomar a temporada da peça "Histórias do Porchat" em São Paulo. E ainda tem o programa de entrevistas "Só Como e Bebo, Por Acaso Trabalho", que irá ao ar pela RTP, a emissora estatal portuguesa.
Sem falar, é claro, do próximo especial de Natal do Porta dos Fundos. "Já tenho três ideias. Por acaso, todas as três têm a ver com religião". Vem polêmica por aí?
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