SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de alvoroçar a internet uma vez com um vestido com uma cabeça de leão acoplada, e outra vez com uma apresentação em que as modelos desfilaram roupas de ponta-cabeça, a Semana de Alta-Costura de Paris terminou nesta quinta-feira (26) delineando uma tendência para a primavera deste ano no hemisfério norte.

Costas decotadas, recortes nos quadris, vestidos que evocam roupas íntimas -o ultrassexy e os corpos nus ganharam bastante espaço nas passarelas do evento que mostra o que há de mais exclusivo na moda, quando um punhado de estilistas desfila suas criações costuradas à mão em ateliês da capital francesa com materiais de altíssima qualidade. São obras de arte para vestir, costuma-se dizer.

No último dia do evento, a Fendi apresentou uma coleção repleta de transparências, com vestidos inspirados em lingeries. Diante das cantoras Courtney Love e Rita Ora, que estavam na primeira fila, desfilaram modelos em vestidos fluidos, cinza claro ou cor de pele, calçando escarpins com salto de pedraria.

"É o mundo interior que sai para o exterior, nos sentidos figurado e literal, e as roupas íntimas se tornam roupas para sair à noite", afirmou o diretor criativo da marca, Kim Jones.

Sair à noite foi o que Pierpaolo Piccioli fez literalmente no desfile da Valentino, que aconteceu numa boate embaixo da ponte Alexandre 3º e trouxe looks inspirados na vida noturna. Uma modelo usava smoking e gravata com as pernas nuas, tendo um grande laço vermelho na virilha como complemento; outra vestia uma microssaia rosa brilhante e um tomara que caia azul, deixando a barriga chapada à mostra.

"É um convite para ser livre, para ser o que você quiser ser, misturado com os códigos da Valentino dos anos 1980", afirmou o diretor criativo.

A estilista espanhola Juana Martín também apostou no glamour e na nudez. Vestidinhos pretos e miniconjuntos branco transparentes com mangas volumosas em formato de leque -sua marca registrada- apareceram com sandálias de salto agulha prateadas.

Mas foi o denim tie-dye o principal material da coleção da estilista, recheado de recortes e aberturas que feminizam as silhuetas. "A alta-costura às vezes é desconfortável, mas faz coisas que fazem você se sentir super leve por dentro, é super etérea", disse Martín à agência de notícias AFP.

"Tem muita nudez nas roupas. Estamos saindo de uma pandemia, as pessoas querem sair, exibir-se, celebrar juntas", afirmou Christian Louboutin, que desenhou sapatos de sola vermelha para o desfile de Martín.

No desfile de Haider Ackermann para Jean Paul Gaultier, tiras de tecido mal cobriam os seios em um vestido de noite rosa, e várias das peças se encaixavam no tronco de forma a valorizar o colo das modelos -o que também foi uma característica da apresentação de Alexis Mabille. O francês desfilou ainda vestidos longos com recortes enormes nas laterais.

Alguns looks transparentes de renda também apareceram no desfile da Chanel, no qual as modelos saíam de dentro de grandes moldes de animais feitos de papelão e madeira. Mas a apresentação foi menos sexy e mais espirituosa. As modelos andavam entre as estruturas em minissaias de líderes de torcida, macacões florais e jaquetas de tweed cintilantes.

Um dos looks mais impressionantes foi o primeiro -um casaco marfim de abotoamento duplo, que cobria uma minissaia com franja. Na cabeça, a modelo usava uma cartola preta de aba levemente inclinada, e os sapatos pretos sem salto acentuavam suas longas pernas nuas.


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