SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em conversa com a companheira de confinamento Domitila Barros, Fred Nicácio levantou um debate que extrapolou a casa do BBB 23 nesta terça de Carnaval. Afinal, o Brasil tem museus que contam a história da escravidão?
Ao falar da importância de preservar a história e apresentá-la a novas gerações, o médico lamentou a inexistência de uma instituição dedicada ao assunto, logo depois de Domitila compartilhar sua experiência num centro que conserva a memória do Holocausto.
Mas há, sim, endereços no país dedicados a preservar a memória dos africanos trazidos ao Brasil como mão de obra escrava e de seus descendentes, que trabalharam nas mesmas condições até a abolição, em 1888.
Alguns museus exercem exclusivamente essa função, enquanto outros dedicam espaços em acervos mais amplos para o assunto. No Rio de Janeiro, é promessa de longa data uma instituição sobre o tema, que seria batizada de Museu da Escravidão e da Liberdade.
Enquanto o projeto não sai do papel, confira, abaixo, onde saber mais sobre essa capítulo da história do país.
MUSEU AFRO BRASIL, EM SÃO PAULO (SP)
Um dos espaços culturais mais importantes da capital paulista, o museu localizado no Ibirapuera conserva mais de 8.000 peças, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, produzidas a partir do século 18 por brasileiros e estrangeiros. Por meio delas, é possível entender a influência de povos africanos para a formação da sociedade brasileira e temas como religião e a escravidão.
MUSEU DA HISTÓRIA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA, NO RIO DE JANEIRO (RJ)
Também conhecido pela sigla Muhcab, o museu recupera a história do desembarque de africanos no Rio de Janeiro, contando ainda detalhes sobre a trajetória dos negros na cidade no período pós-abolição.
INSTITUTO PRETOS NOVOS, NO RIO DE JANEIRO (RJ)
O instituo é dedicado à pesquisa e à preservação do patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, em especial no sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, descoberto nos anos 1990 e no qual foram enterrados africanos que morriam ao desembarcar no Brasil, entre 1772 e 1830. Hoje, o instituto promove oficinas, cursos, debates e exposições.
MUSEU DO ESCRAVO, EM BELO VALE (MG)
Mais amplo museu dedicado exclusivamente à história da escravidão no Brasil, foi criado nos anos 1970 e ocupa um prédio histórico em estilo colonial. Lá dentro, o acervo explica os conceitos de casa grande e senzala por meio de peças de grandes latifundiários de Minas Gerais e de artefatos usados no trabalho ou castigo dos negros e indígenas escravizados. São mais de 4.000 peças, incluindo uma estátua que simula um açoite no pelourinho.
CASA DO BENIN, EM SALVADOR (BA)
Dedicado especificamente à contribuição do povo do Benin à cultura e formação do Brasil, o museu foi inaugurado em 1988, ano do centenário da abolição da escravidão, no centro histórico da capital baiana. Reúne peças do Golfo do Benin, colecionadas pelo fotógrafo francês Pierre Verger, e outros artefatos doados que ajudam a contar a história da diáspora africana.
MUSEU DA ABOLIÇÃO, NO RECIFE (PE)
Criado em 1957 para homenagear os abolicionistas João Alfredo e Joaquim Nabuco, por meio de lei sancionada pelo presidente Juscelino Kubitscheck, o museu só abriu as portas em 1983. Sua missão é preservar e valorizar a participação dos negros na formação da identidade brasileira, por meio de obras artísticas e históricas, além de documentos e fotografias.
CAFUÁ DAS MERCÊS, EM SÃO LUÍS (MA)
Também conhecido como Museu do Negro, foi construído num antigo mercado de escravos e funciona desde os anos 1970. Em estilo colonial, o prédio abriga em seu pátio uma réplica de um pelourinho que havia ali e, nos dois pavimentos internos, objetos relativos à escravidão e à arte e história de países da África, como indumentárias, instrumentos musicais e artefatos religiosos.
MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO, EM REDENÇÃO (CE)
Localizado no engenho de Livramento, o museu fica a 50 quilômetros de Fortaleza, capital do Ceará. O engenho ficou conhecido por ter alforriado todos os negros que trabalhavam ali em 1983, cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea. Criada em 2003, a seção que funciona como museu remonta casa grande e senzala, preservadas desde o século 19.
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