Morre Francesco Maselli, diretor envolvido na luta contra o fascismo, aos 92

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Francesco Maselli, também conhecido como Citto Maselli, morreu aos 92 anos em Roma, na Itália, segundo a agência de notícias Ansa e o líder do Partido da Refundação Comunista, ao qual o cineasta era filiado. A causa da morte não foi divulgada.

Mais associado ao cinema autoral, Maselli gravou longas como "Os Revoltosos", "Storia d'Amore" e "Il Segreto" e os levou a festivais importantes, como Berlim, Mar del Plata e Veneza. Deste, saiu com os troféus de curta-metragem e de diretor mais promissor e com o prêmio especial do júri, em diferentes ocasiões.

Ativo politicamente, Maselli inseriu em suas obras ideias centrais para o comunismo, ideologia que defendia com veemência desde a juventude, e produziu inúmeras obras militantes de esquerda.

Ele foi criado num lar que estimulava o embate de ideias e seu pai foi crítico de arte. Por isso, desde muito novo, se envolveu na luta contra o fascismo na Itália e contra a presença de tropas alemãs no país, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Foi do conflito, aliás, que veio a inspiração para seu primeiro longa, "Os Revoltosos", logo depois de servir de assistente para Michelangelo Antonioni. Nele, Lucia Bosè interpretou uma condessa que fugia de Milão durante os bombardeios de 1943 para se refugiar numa propriedade do interior.

Além do filho, ela recebe os herdeiros de um autocrata fascista e de um oficial que está no campo de batalha. Com o filme, Maselli concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Não venceu, mas saiu de lá com o prêmio de diretor mais promissor.

Na sequência, vieram obras neorrealistas que criticavam a burguesia italiana, "La Donna del Giorno", com Virna Lisi, e "Os Delfins", com Claudia Cardinale. Ela serviria de musa para o cineasta novamente em 1964, quando atuou ao lado de Paulette Godard, Rod Steiger e Shelley Winters em "Os Indiferentes", sobre uma família de Roma reagindo à crise financeira que arruina seu status social.

A guinada à esquerda se acentuou nos anos 1970, com filmes mais abertamente políticos, como "Lettera Aperta a un Giornale della Sera", sobre um grupo de intelectuais de esquerda, e "Il Sospetto", sobre um membro do Partido Comunista Italiano.

Seu último trabalho na direção de um longa foi em "Le Ombre Rosse", de 2009, também sobre um intelectual de esquerda. Maselli deixa a mulher, Stefania Brai, chefe do departamento de atividades culturais do Partido da Refundação Comunista.