SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Alçado ao posto de headliner do segundo dia de Lollapalooza depois do cancelamento do Blink-182, o Tame Impala subiu no palco na noite deste sábado (25) apesar das circunstâncias.
Isso porque o frontman, Kevin Parker, passou recentemente por uma cirurgia no quadril após uma fratura e causou furor entre os fãs, que temiam que a banda engrossasse a onda de cancelamentos do festival. Mas Parker não se rendeu e fez uma série de shows de muletas pela América Latina antes de chegar a São Paulo para um show abarrotado no palco Chevrolet.
O show abriu com um vídeo que emulava uma médica anunciando um remédio com efeitos psicotrópicos, que ia desacelerando e desfazendo em uma explosão technicolor.
Na sequência, Parker entrou no palco de muletas e entoou "One More Year", do disco "The Slow Rush", de 2020, com projeções que misturavam sua imagem em recuperação e mais cores derretidas.
Não demorou para que Parker apostasse em sucessos antigos, caso de "Mind Mischief", do disco "Lonerism", de 2012. Para tocar guitarra, o frontman precisou largar as muletas e se sentar.
Nada disso foi impedimento para a plateia, que vibrou e cantou junto, apesar da distorção tornar a letra incompreensível.
Os fãs da banda, com apresentação marcada para as 20h, fizeram plantão na frente do palco desde o meio dia. Tudo para tentar a grade, segundo Andressa, fã de 21 anos da banda, que vivia em Brasília e viu nesta edição do Lollapalooza sua primeira chance de ver o ídolo.
Mas até quem já viu Kevin Parker em ação quis garantir um bom lugar. A publicitária Fernanda Mendonça, de 25 anos, bate ponto no Lollapalooza desde a primeira edição, em 2012, e viu o Tame Impala justamente na edição de 2016. "Kevin Parker é o maior que temos", diz Fernanda.
Ela e o economista João Pedro Berdeville, de 25 anos, fizeram questão de esperar cerca de três horas pelo show, ouvindo à distância o que acontecia no palco ao lado e pegando, no máximo, a apresentação do Jane's Addiction, do criador do festival.
Mesmo no palco Budweiser, entre o show da banda Wallows e o da banda The 1975, houve quem já corresse para garantir um bom lugar no Tame Impala, que só aconteceria dali a duas horas.
Se a moda Lollapalooza de 2023 chama atenção pelos tons neon e o uso da pelúcia, o hippie chic e as estampas coloridas e psicodélicas imperam na plateia que recebeu o Tame Impala.
A fumaça de gelo seco que decora o palco se confundia com a vinda do público. Jovens comentavam os looks umas das outras comparando as escolhas a Daisy Jones, protagonista da série sobre uma banda de rock setentista.
De som psicodélico, a banda australiana liderada por Parker se tornou um dos pilares do indie rock mundial e angariou um público cativo de fãs brasileiros --antes mesmo de "The Less I Know the Better", hit máximo do grupo, se tornar trilha de uma dancinha do influencer Xurrasco. A música, aliás, ultrapassa 1 bilhão de plays no Spotify.
O grupo, liderado por Parker, está na quinta passagem pelo Brasil e se apresenta pela segunda vez em um Lollapalooza --a primeira em 2016, havia sido a última apresentação do grupo no país até agora, depois de shows menores em 2012 e 2013, no Cine Joia, e em 2014 no Popload Festival.
Desde então, o Tame Impala de Parker se tornou headliner carimbado de diversos festivais ao redor do mundo a ponto de virar meme no mundo indie por sua popularidade, motivo de chacota entre os moderninhos.
Hoje, a banda é, junto com Modest Mouse e The 1975, um dos nomes que reserva mais proximidade com as raízes do projeto do Lollapalooza, que aterrissou no Brasil como um festival voltado para o público alternativo.
Na ativa com o Tame Impala desde 2007, Parker deu a guinada pop do projeto em 2015, com o terceiro disco, "Currents", que hospeda hits como a gigante "The Less I Know the Better" e "Eventually". No álbum, as guitarras distorcidas deram espaço a experimentações eletrônicas. Sem perder a veia psicodélica e com letras sobre coração partido, o apelo pop foi imenso.
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