SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Flip ainda não bateu o martelo em relação a quando será a edição deste ano, ainda que a prefeitura de Paraty, cidade fluminense onde a festa literária acontece, mantenha em seu site há meses que o evento terá lugar em julho.
O festival tradicionalmente acontecia na metade do ano, mas a edição de 2023 não seguirá essa regra. A organização da Flip trabalha oficialmente com uma data entre setembro e dezembro.
Alguns fatores colaboraram para atrapalhar a definição. Primeiro, a Flip 2022 aconteceu no inusitado mês de novembro, numa edição extemporânea atrasada pela Covid após dois anos de encontros virtuais.
Naquela altura, o diretor artístico do festival, Mauro Munhoz, já dizia que não havia intenção de repetir a festa naquele período do ano. Segundo ele, firmar a data ao redor de julho era algo benéfico à indústria do turismo e ao comércio local.
Já então Munhoz afirmava preferir uma data em setembro para a edição de 2023. O calendário, porém, traz uma dificuldade: a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o mais massivo evento literário do ano no país, acontece nos dez primeiros dias daquele mês.
Fato é que a tomada de decisão está atrasada. Para usar de exemplo a última Flip antes da bagunça provocada pela pandemia, o mercado e os leitores já sabiam com ao menos dez meses de antecedência que a festa de 2019 aconteceria entre os dias 10 e 14 de julho.
Se o festival deste ano acontecer na data limite de dezembro e isso for divulgado agora, serão menos de nove meses de adiantamento. Também não há sinal do anúncio de curadoria ou autor homenageado -algo que, na edição de 2019, também se sabia mais de oito meses antes.
Outro fator central para retardar a tomada de decisão foram as mudanças na Lei Rouanet, desorganizada na gestão de Jair Bolsonaro. A captação de recursos para a edição presencial de 2022 já foi atrapalhada por problemas com a norma, segundo a organização da festa.
A Flip tentou se adiantar para fazer a festa mais cedo este ano, mas o plano anual apresentado pelo festival ao governo, ainda no começo do ano passado, não foi aprovado a tempo. Isso dificultou que patrocinadores pudessem oficializar detalhes de suas contribuições à festa no último ano fiscal.
Agora, as mudanças apresentadas pelo Ministério da Cultura do governo Lula na semana passada levaram a Flip a revisar o processo de captação, o que a fez voltar alguns passos no tabuleiro.
A antecedência mais curta na divulgação de datas e temas da Flip torna mais desafiador que o festival consiga fechar com grandes nomes internacionais, por exemplo, e encarece a hospedagem em Paraty para profissionais que costumam comparecer todo ano.
Para sanar problemas de comunicação, o festival acaba de criar o canal Flip-se Hospitalidade, em que interessados podem tirar dúvidas e receber informações pelo email hospitalidade@flip.org.br
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