SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Tenho certeza que vai ser uma potência. Vamos bater de frente com qualquer um". É dessa forma que o empresário Dana White, 53, presidente do Ultimate Fighting Championship (UFC), define a fusão do líder global em artes marciais mistas (MMA) com a World Wrestling Entertainment (WWE). O acordo para que ambas as empresas se tornem uma gigante do entretenimento esportivo envolve cifras superiores a R$ 100 bilhões.
"Não creio que algo vá mudar em tudo o que já fiz até aqui no UFC e o que foi feito no WWE. Nós apenas vamos nos juntar e continuar fazendo o que sempre fizemos. Tínhamos uma boa sinergia antes mesmo de ter qualquer sinal de parceria", afirma White em entrevista à reportagem.
A ideia da junção é proporcionar aos fãs mais alternativas tecnológicas e eventos ao vivo de luta. Ele espera que mais de um bilhão de fãs se conectem à nova empresa global e que haja um fortalecimento do mercado de entretenimento esportivo mundial.
Só o UFC produz mais de 40 eventos ao vivo anualmente nas principais arenas ao redor do planeta e que são transmitidos para cerca de 900 milhões de lares em mais de 170 países. Agora, a união das forças quer ampliar ainda mais esses números.
Dana, que descarta aposentadoria tão cedo, também abre o jogo sobre polêmicas nas quais já se viu envolvido. Ele afirma que tenta ser uma pessoa melhor depois da agressão à própria esposa, flagrada por câmeras em uma balada de Réveillon no México, no ano passado.
"Está tudo certo em casa. E isso é a coisa mais importante para mim", afirma. "Eu tento ser uma pessoa melhor fisicamente, emocionalmente, profissionalmente, pessoalmente. Todos os dias, quando acordo, eu quero ser melhor do que fui ontem", desabafa o empresário norte-americano. Confira a entrevista abaixo.
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PERGUNTA - O que representa essa fusão entre UFC e WWE? Mudará alguma coisa?
DANA WHITE - Não creio que algo vá mudar em tudo o que já fiz até aqui no UFC e o que foi feito no WWE. Nós apenas vamos nos juntar e continuar fazendo o que sempre fizemos. Tenho certeza que vai ser uma potência. Sempre tivemos uma boa sinergia entre o UFC e o WWE no passado, antes mesmo de ter qualquer sinal de uma parceria. Brock Lesnar [que foi do UFC e atualmente está no WWE] pode exemplificar isso. Ele veio a se tornar um campeão. Ronda Rousey [que fez o mesmo movimento de Lesnar] foi a mesma coisa. Portanto, acho que nada realmente mudará.
P - Você acha que a fórmula do UFC está desgastada e precisa ser alterada?
DW - Não, nenhuma fórmula precisa ser alterada. Vamos continuar a fazer o que estamos fazendo. Acredito que o que já foi feito pelo UFC pode ajudar no desenvolvimento do WWE. Com essa parceria potente poderemos bater de frente com qualquer um pelos próximos anos.
P - Acredita que essa fusão possa ajudar a formar mais ídolos brasileiros?
DW - Eu diria que o Brasil é a casa das lutas. Esse esporte foi construído e consolidado no Brasil, entende? Alguns dos maiores lutadores, os mais durões, já competem pelo Brasil.
P - Atualmente, as lutadoras mulheres se destacam mais do que os lutadores homens na sua visão?
DW - Eu não diria isso. Os brasileiros, como um todo, são absolutamente dominantes no mundo das lutas. Uma das coisas que sempre digo do Brasil ao longo dos anos é: esse país é uma rocha, sempre terá campeões e múltiplas pessoas no top 10. Brasileiros absolutamente dominam esse esporte. E todos eles [homens e mulheres] ajudam a fortificar o UFC.
P - Como tem visto a repercussão do streaming UFC Fight Pass, lançado em janeiro no Brasil?
DW - Ótimo, estamos felizes com esse lançamento. Quando decidimos lançar no Brasil, sabíamos que levaria um tempo para se solidificar. É necessário muito trabalho duro. O Brasil é um importante mercado para a gente. A primeira coisa que pensamos foi desenvolver um UFC Fight Pass especialmente para os brasileiros e em português, com a maior biblioteca de lutas. Os assinantes podem ver em um só lugar uma vasta gama de história, acompanhar eventos nos quais tivemos nomes como Vitor Belfort, Wanderlei Silva e José Aldo. São heróis e campeões, superstars que vieram do Brasil.
P - Você já pensa em aposentadoria ou ainda tem muito o que fazer pelo UFC?
DW - Eu não penso exatamente em aposentadoria agora. Veja, estamos fazendo essa fusão agora e eu tenho apenas 53 anos. Meu amigo, ainda há um monte de coisas que eu gostaria de fazer e me comprometer antes desse momento chegar. Eu ainda quero fazer institutos de performance no México, em Abu Dhabi, um na África e, claro, um no Brasil.
P - De que forma pensa em fazer isso?
DW - Quero continuar a fortificar esse esporte ao redor do mundo e focar a criação desses institutos voltados para as crianças. Fazer com que elas gostem, aprendam sobre esportes, treinem, comam melhor. Ou seja, quero ajudar a construir novos talentos ao redor do planeta.
P - Pelo lado pessoal, o que mudou após o episódio em que você foi flagrado agredindo sua esposa numa festa de Réveillon no México?
DW - Eu penso que quando algo dessa proporção acontece, temos que olhar claramente para nós mesmos no espelho e dizer: como isso aconteceu e como eu posso fazer para que nunca mais aconteça de novo. E dar um basta. Mas, agora, eu e minha família estamos ótimos, está tudo certo em casa. E isso é a coisa mais importante para mim. Claro, todo mundo vai querer ter uma opinião a respeito do que aconteceu naquele Réveillon [de 2022 para 2023]. Mas minha família está bem, e isso é o que vale.
P - Vendo a repercussão sobre isso, se pudesse voltar no tempo, o que teria feito de diferente?
DW - Eu teria ficado em casa naquele Réveillon (risos). Definitivamente seria isso.
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