SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sikêra Junior não vai mais ter seu programa, o Alerta Nacional, transmitido nacionalmente pela RedeTV!. Neste sábado (8), a emissora confirmou à Folha de S.Paulo o término do contrato com o apresentador e também com a TV A Crítica, do Amazonas, onde o programa é produzido e apresentado.
Ainda não há informação de se a atração policialesca continuará sendo exibida apenas regionalmente no canal local. Pela internet, o Alerta Nacional também pode ser visto de segunda a sábado no canal de YouTube da TV A Crítica.
Desde fevereiro, Sikêra está afastado do programa por problemas de saúde. Segundo a mulher do apresentador contou nas redes sociais, ele precisou ficar internado em um hospital em Manaus por cerca de duas semanas por causa de um quadro de otite bacteriana severa. Depois disso, continuou a recuperação em casa.
O Alerta Nacional é derivado do Alerta Amazonas, que estreou em junho de 2019 e começou a ser apresentado por Sikêra no mês seguinte. O jeito enfático e questionador do jornalista fez sucesso e chamou a atenção da RedeTV!, que no final do mesmo ano anunciou que exibiria o programa para todo o país. A estreia para as demais regiões ocorreu em 28 de janeiro de 2020.
Em pouco mais de três anos, Sikêra se envolveu em diversas polêmicas. Em 2021, ele e a RedeTV! foram réus em uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul por causa de falas discriminatórias e preconceituosas contra a população LGBTQIA+.
Na ocasião, ao criticar a propaganda que a rede de fast food Burger King criou para o Dia do Orgulho LGBTQIA+, Sikêra Jr. chamou gays de "raça desgraçada". A fala resultou em uma fuga de anunciantes, o que fez com que ele chegasse a anunciar produtos de uma ótica que não existia.
Na época, o apresentador diz ter usado esse artifício para conseguir pegar o contato de pessoas que estavam ajudado na desmonetização de seu trabalho na internet e na TV e no consequente afastamento de dezenas de patrocinadores.
Ele também foi processado por Xuxa, após ela comentar que não havia gostado da exibição de uma cena de zoofilia na atração da RedeTV!. Em 2020, Sikêra disse que Xuxa teria levado crianças "às travessuras" e que pedofilia "é crime e não prescreve". Xuxa, por sua vez, alegou que foi humilhada em rede nacional.
Sikêra acabou entrando em acordo para se livrar de uma possível condenação criminal. O caso respingou no marido da apresentadora, Junno Andrade, chamado de "jugolô" que "não faz nada", que também processou o apresentador.
Ele também apareceu em documento entregue à CPI da Covid do Senado pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), segundo o qual teria recebido R$ 120 mil de verbas públicas em cachês durante o governo Jair Bolsonaro. Além de declarar amigo da família do ex-presidente, Sikêra defendeu publicamente diversas posições controversas do político.
Mais recentemente, em fevereiro, o Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba entrou com um pedido de prisão e multa contra o jornalista por comentários considerados racistas proferidos no Cidade em Ação, da TV Arapuan, sua antiga emissora, em 2018. Após uma reportagem mostrar uma mulher negra sendo presa, Sikêra se referiu a ela como "vagabunda", "preguiçosa" e "sebosa".
Procurado na ocasião, o advogado de Sikêra, Rannieri Lopes, afirmou que o apresentador não tinha medo de nada e que a defesa não acreditava em uma condenação, pois, segundo ele, tratava-se de um crime "apenas no imaginário do MP [Ministério Público]".
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