SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O roteirista Emilio Boechat, ex-autor da emissora Record, diz não ter sido demitido da emissora nem coagido a se converter à religião evangélica.

A declaração acontece um dia após a empresa ser acusada de demitir autores por intolerância religiosa. Entre as informações que circularam, era dito que Boechat também estava acusando a Record, informação que ele refuta.

"Eu saí da emissora por vontade própria. Pedi a rescisão amigável do meu contrato, no que fui prontamente atendido, e deixei a novela Gênesis (onde meu nome nem aparece nos créditos por pedido meu)", escreveu nas redes sociais Boechat, que escreveu novelas como "Luz do Sol", "Amor e Intrigas" e "Os Mutantes". "Não conheço a realidade de outros profissionais, mas esse tipo de preconceito eu não vivi."

Nesta quarta-feira (31), veio a público a informação de que dois ex-autores da Record estavam processando a emissora alegando terem sofrido intolerância religiosa. Eles dizem que teriam sido demitidos por não serem evangélicos.

Camilo Pellegrini, que escreveu a novela "Gênesis", é um dos roteiristas que entraram na Justiça contra a emissora. Consta no processo que ele foi demitido em 2021 após ter feito uma publicação nas redes sociais divulgando um curso sobre religiões com matriz africana ministrado por um amigo.

A ação diz que, um dia após a publicação, Pellegrini recebeu uma ligação de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e líder do núcleo de dramaturgia da emissora. No telefonema, ela teria dito que ele não escreveria mais a novela "Reis", para a qual ele já havia sido escalado.

"Em seu lugar entrou Raphaela Castro, amiga íntima de Cristiane Cardoso e evangélica alinhada aos preceitos da Igreja Universal", diz a ação. "É notório o interesse de a reclamada manter em seu quadro de funcionários apenas profissionais ligados à religião protestante e o reclamante foi dispensado porque não se converteu à religião evangélica."

A roteirista Paula Richard, de "Os Dez Mandamentos", também está processando a empresa com a alegação de ter sido demitida por intolerância religiosa.

A Folha tentou ouvir Cardoso, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem. Em nota, a emissora diz que é contra qualquer forma de intolerância, inclusive a religiosa, e que tomará providências judiciais contra as acusações.


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