RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O romance entre um capataz do fazendeiro mais próspero da vizinhança e um garçom assumidamente gay do bar da cidade fictícia de Nova Primavera tem sido um dos motes centrais da novela "Terra e Paixão". Mais do que o joguinho no melhor estilo "põe e tira casaco" salpicado de humor, a trama tem sido bem-aceita pelo público no horário nobre da Globo.
E pensar que há 28 anos, na novela "A Próxima Vítima", na mesma emissora, André Gonçalves chegou a ser espancado e perseguido na rua por causa do romance de Sandrinho e Jefferson (Lui Mendes).
Em maio, a direção da casa vetou a cena do primeiro beijo entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em "Vai na Fé": O corte ganhou repercussão nas redes e a Globo teve que se pronunciar. "Toda novela está sujeita a edição. Uma rotina que atende às estratégias de programação ou artísticas".
Intérprete de Ramiro, o faz tudo de Antonio La Selva (Tony Ramos), Amaury Lorenzo diz estar surpreso com a repercussão em torno do casal gay. "A aceitação me surpreendeu. Desde o início, o público aprovou Ramiro e Kelvin juntos", diz. "Isso é um baita de um avanço", comemora o ator, que faz sua estreia na teledramaturgia.
"Estamos no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, e de repente a gente vê esses personagens tão queridos. A minha resposta para isso é: Amor", afirma.
Amaury também exalta a parceria com Diego Martins na trama de Walcyr Carrasco e projeta cenas mais íntimas (e ousadas) entre os dois nos próximos capítulos. "Diego e eu vamos tentando furar a bolha com cuidado. Mas existe um tempo na sociedade, e nós não vamos ser ingênuos. O que posso dizer de mim, enquanto ator, é que sempre que eu percebo a possibilidade de avançar um pouco com relação a isso (o envolvimento mais intenso), vou avançando", explica.
Diego Martins também vibra com o que vem acontecendo. "Não tinha a menor ideia de como esse personagem ia chegar nas pessoas. Jamais imaginei quanta gente ia gostar do Kelvin e, principalmente, dessa relação dele com o Ramiro", conta.
Para ele, o segredo do sucesso vem de uma conjunção de fatores. "São cenas leves, mas tem também o drama do preconceito e o medo do julgamento e da opinião dos outros. Está tudo ali e torço muito pelo casal! As pessoas têm razão quando falam que os dois se amam".
Diego concorda com os elogios sobre a "química", um chavão que aqui se impõe, entre ele e Amaury em cena. Diz que a parceria foi construída já nos primeiros capítulos da trama. "A gente discutia isso desde o início das gravações: como construir a relação do Ramiro e Kelvin sem cair no caricato ou querer afrontar?", comenta o ator "Começamos com aquela coisa de curiosidade, desejo proibido... De repente a gente saiu desse lugar superficial para sentimento, amor, cumplicidade e o público percebeu. Que bom".
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