ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) - O apresentador Rodrigo Faro, da Record, entrou com uma ação contra a Globo. Faro e seus advogados pedem que a empresa tire do ar textos de veículos controlados pela empresa que contenham referências ao episódio em que questionou a audiência de seu programa em meio a uma homenagem a Gugu Liberato, após a morte do colega, em 2019.
A Folha de S.Paulo teve acesso ao caso, que corre no Foro de Barueri do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). O processo é um desdobramento de uma briga que Faro trava contra o Google desde 2021.
Na época, Faro entrou na Justiça para que a gigante da internet fosse obrigada a tirar do ar links com informações que prejudicam sua imagem e declaradamente mentirosas, segundo sua defesa.
Entre esses links, alguns são sobre o dia em que Faro perguntou "como é que está a audiência?". Veículos da Globo informaram que o apresentador do Hora do Faro estava sendo "achincalhado na internet".
"O autor [Rodrigo Faro], que até aquele momento era estimado por todos e nunca se envolvera em polêmicas, em um único episódio viu-se sendo julgado e atacado de maneira sórdida simplesmente pelo fato de que estava exercendo seu trabalho, apesar das homenagens prestadas naquele momento", diz o trecho da petição inicial.
Na ação de Faro contra o Google, que também corre no TJ-SP, Faro ganhou em todas as instâncias. No entanto, a multinacional, segundo afirmou aos magistrados que julgaram o caso, era incapaz de retirar do ar todos os links porque parte deles era de plataformas com donos próprios.
O TJ-SP determinou que Faro entrasse com ações diretamente contra os veículos baseando-se no ganho de causa que teve com o Google. Por disso, ele entrou com a ação contra a Globo.
DEFESA DE FARO DIZ QUE FOI OBRIGADA A PROCESSAR GLOBO
A defesa de Faro, em contato com a reportagem, diz que o apresentador não tem nada contra a Globo.
"Rodrigo Faro tem uma relação boa com a Globo, é grato pelo período em que trabalhou lá, mas não teve outra alternativa por causa dessa decisão judicial sobre o Google", afirmou a advogada Jéssica de Santana Santos, uma das defensoras de Faro. "Tentamos resolver administrativamente, mas ficamos sem resposta. É muito difícil, é uma empresa muito grande", comentou a advogada.
A defesa de Rodrigo Faro se baseia no "direito ao esquecimento", que dá ao direito uma pessoa, pública ou não, de não ser mais lembrada sobre um erro de sua vida. "Sabemos que esse processo pode fazer o assunto voltar à tona, é natural, mas é melhor resolver e encerrar isso judicialmente", completou Santos.
"Estamos diante de um novo cenário em que cabe ao magistrado perceber a diferença crucial entre o significado de interesse público, que é muito diferente de interesse do público. Sobre a argumentação deste último, a imprensa vai propagando notícias inverídicas e midiáticas, sem o real valor que deve nortear a informação", diz a petição inicial.
No pedido, Rodrigo Faro pede que as reportagens produzidas por veículos da Globo sobre o caso saiam do ar. Faro também pede o pagamento de multa de R$ 15 mil por danos morais. O caso ainda não tem previsão de ser julgado.
A Globo não comenta casos que estão na Justiça.
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