Neste sábado (2), é comemorado o Dia Mundial do Samba, uma celebração que reconhece e reverencia um dos símbolos mais marcantes do país: o samba. Mais do que um gênero musical, ele é uma expressão artística e uma dança que ecoa as raízes profundas da cultura afro-brasileira, sendo considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Originado no Rio de Janeiro, início do século XX, ele emergiu dos encontros dos povos africanos que se reuniam para celebrar sua cultura e praticar rituais religiosos. Esses momentos de expressão cultural ocorriam nos chamados terreiros, locais que se estabeleceram como ponto de encontro comunitário para festividade e culto aos orixás.

O surgimento do samba coincidiu com uma era de repressão e preconceito racial, refletindo as tensões sociais do Brasil da época. Entretanto, a resistência do samba o levou a ganhar popularidade, especialmente por meio dos desfiles das escolas de samba, que se tornaram eventos marcantes na cultura brasileira.

Esta data comemorativa, estabelecida na década de 1960, é uma homenagem a essa manifestação cultural que celebra o legado do samba e destaca sua importância na construção da identidade nacional.


Uma jornada de resistência e expressão

Para além de uma melodia envolvente, o samba se tornou um reflexo da diversidade cultural brasileira. Inspirado pela cultura africana no Brasil, esse gênero ultrapassou fronteiras, tornando-se um dos símbolos mais reconhecidos internacionalmente do Brasil. De acordo com o portal Mundo Educação, seu surgimento está intrinsecamente ligado às rodas de dança praticadas pelos afro-brasileiros escravizados, que no século XX encontraram no Rio de Janeiro um terreno fértil para expressar sua cultura. As tias baianas, denominação dada às senhoras negras originárias da Bahia que viviam no Rio de Janeiro, que proporcionavam espaços seguros nos terreiros, foram consideradas fundamentais para o florescimento do samba.

De acordo com a Biblioteca Nacional, o primeiro samba a ser gravado foi a canção ‘Pelo telefone', idealizada por Ernesto Joaquim Maria dos Santos, mais conhecido como Donga.

FOTO: Reprodução de redes sociais - Dia Nacional do Samba em Juiz de Fora

Popularização e identidade nacional

Na década de 1920, as escolas de samba desempenharam um papel crucial na popularização do samba, levando-o para além dos terreiros e alcançando diferentes camadas da sociedade carioca. Os desfiles das agremiações, juntamente com a ascensão do rádio como principal meio de comunicação, contribuíram para a difusão massiva do samba. Porém, a aceitação do samba enfrentou resistência, refletindo o preconceito racial da época. Foi somente na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que o samba ganhou espaço na indústria fonográfica e nas rádios, tornando-se parte integrante da construção da identidade nacional.

O ritmo, que transcende gerações e estilos, produziu subgêneros como samba-enredo, samba-canção, bossa nova e pagode. Nomes como Noel Rosa, Cartola, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho tornaram-se ícones desse gênero musical, consolidando o samba como uma força viva na cultura brasileira. Hoje, ele é mais do que uma expressão artística, mas um elo que conecta o passado, o presente e o futuro, continuando a ressoar como uma das vozes mais autênticas do Brasil.

 

O samba em Juiz de Fora

Na cidade de Juiz de Fora o samba, perpetuado através, e principalmente, do Carnaval, também se faz presente. Para o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf), Diomário de Deus, também conhecido como Didi, que pertence ao ramo do samba desde a juventude e tem o gênero e ritmo como paixão, a percepção e recepção da comunidade juizforana sobre o samba e o carnaval mudou muito com o passar dos anos. "Antigamente, as escolas de samba viviam abarrotadas. Qualquer coisa que elas promoviam se tornava motivo de presença de todos os sambistas no mesmo local", relata.

FOTO: Arquivo pessoal - Diomário

Foi no início deste ano de 2023, após 5 anos sem desfile em Juiz de Fora, que o evento voltou a acontecer. Por causa dessa lacuna, o público da cidade começou a procurar por outros locais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte para aproveitar a folia, acredita Diomário. Porém, a expectativa é de que a procura pelo desfile do Carnaval 2024 seja alta: “A grande maioria da procura vem de fora”, conta Didi.

 

Comemoração do Dia Nacional do Samba com apresentação dos sambas-enredos do Carnaval 2024 pelas Escolas de Samba


A cidade de Juiz de Fora comemora o Dia Mundial do Samba em grande estilo com a apresentação dos sambas-enredos do Carnaval de 2024 neste sábado (2). O evento será realizado às 18h na quadra da Escola de Samba Real Grandeza, localizada na Av. Brasil 1.220, Costa Carvalho, e os ingressos individuais podem ser retirados gratuitamente nas escolas de samba.

FOTO: Arquivo PJF - Dia do Samba: Escolas promovem festa com apresentação dos sambas-enredos do Carnaval 2024

Promovida pela Comissão da Liesjuf, a celebração do Samba contará com a participação de casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, rainhas, intérpretes e baterias. A presença de menores de 18 anos é permitida, desde que estejam acompanhados pelos pais ou responsáveis.

De acordo com a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), em 2024, 15 agremiações participarão dos desfiles competitivos, que acontecem no sábado, 10 de fevereiro, e no domingo, 11 de fevereiro. A apresentação vai seguir a ordem determinada por meio de sorteio, confira:

 

Sábado - 10 de fevereiro

Grupo de Acesso II

- Encantos da Vila


Grupo de Acesso I

- Rosas de Ouro

- União das Cores

-Vale do Paraibuna

- Juventude Imperial

- Mocidade Independente do Progresso

- Partido Alto

- Unidos do Ladeira


Domingo - 11 de fevereiro

Grupo Especial

- União de Santa Luzia

- Feliz Lembrança

- Real Grandeza

- Rivais da Primavera

-Mocidade Alegre

-Unidos das Vilas do Retiro

- Turunas do Riachuelo

Reprodução de redes sociais - Dia Mundial do Samba

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