SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Querido Papai Noel, este ano eu fui uma criança muito boazinha". É assim que costumam começar as cartas escritas por crianças ao bom velhinho, em textos manuscritos, muitas vezes acompanhados de desenhos. Em seguida vem ele, o pedido de presente de Natal.

Artigos de primeira necessidade e alguns desejos comoventes -como um prosaico frango assado ou um emprego para o pai- costumam aparecer nos bilhetinhos, mas problemas de saúde e o calor recorde no Rio de Janeiro fizeram com que o perfil dos pedidos mudasse neste ano.

Uma menina "muito alegre, esperta e que adora dançar" é também diabética do tipo 1 e pede ao Papai Noel um Sensor Freestyle Libre, uma versão mais moderna do aparato, que ajudaria a diminuir os furos nos seus dedinhos. Custa em média R$ 300 e dura só 14 dias, mas ela justifica: "já seria um alívio enorme para mim". Na seara dos brinquedos, uma cozinha infantil "que tenha geladeira e comidinhas" a deixaria mais alegre ainda.

Recebidos pelos Correios, geralmente com o endereço Polo Norte como destino, os pedidos podem ser adotados por voluntários que se interessem em realizar os desejos de crianças como Ruy Guerrido, que está muito grande para sua cadeira de rodas infantil. Ele é uma pessoa com deficiência e pede uma nova, já que seus "papais não têm dinheiro para comprar outra".

O calorão inclemente em todos o país -e no Rio, em especial- fez com que piscinas infláveis e ventiladores se tornassem objetos de desejo da maioria das crianças. As cartinhas endereçadas ao Papai Noel dos Correios vieram com quase 500 solicitações de piscinas de plástico (crescimento de 272% ante o ano passado). Já as solicitações de ventiladores subiram de 99 para 257 (aumento de 156%).

Entre os brinquedos tradicionais, a bicicleta continua no topo, e a procura por uma delas subiu 87% em relação a 2022. Um desses pedidos foi feito por Jonas Henrique. Ele diz ao Papai Noel que já ganhou o melhor presente da sua vida: um doador de medula compatível, que vai curar sua leucemia após o transplante, em alguns meses. Enquanto aguarda, ele quer muito uma bike. "Um beijo, Papai Noel", despede-se o menino.

Já Maria Clara, que em sua cartinha (escrita provavelmente pelos pais, como em outros casos, mas com a assinatura em letra infantil) se apresenta como "uma vencedora". Ela está há três anos em remissão de um câncer no cérebro e quer um videogame para jogar com o primo.

A solidariedade também se faz presente nas cartinhas, como a de Nicolly, 8, que também pede uma bicicleta e uma boneca para a prima Isabela, dois anos mais nova. "Na chuva que aconteceu em outubro os brinquedos dela foram levados pela água", explica.

A Campanha Papai Noel dos Correios é nacional e existe há mais de 30 anos. Ela surgiu da iniciativa pessoal de alguns carteiros que, sem saber o que fazer com as cartinhas endereçadas pelas crianças ao Polo Norte, acabavam se cotizando para atender os desejos de meninos e meninas que as escrevia.

O prazo para adoção e entrega dos presentes se encerraria nesta sexta-feira (8), mas como ainda faltam padrinhos para mais de 4 mil cartinhas, foi prorrogado até a próxima terça (12). Os presentes são entregues em uma das 34 agências participantes das campanha.


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