RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Alejandro Triana Prevez, 30, suspeito do assassinato de Brent Sikkema, no Rio de Janeiro, saiu de São Paulo para cometer o crime e retornou ao estado logo depois, afirma a polícia. As informações constam no inquérito policial e no pedido de prisão feito pela promotoria, aos quais a reportagem teve acesso.
Preso nesta quinta (18), na própria residência, Prevez ainda não constituiu defesa e não prestou depoimento. Ele teve a prisão preventiva decretada.
O americano Sikkema, 75, foi morto com 18 facadas, a maioria no tórax e no rosto. Ele foi encontrado deitado em casa já sem vida, com uma toalha no rosto, pela sua advogada, Simone Nunes, na segunda. Amiga do galerista, ela foi até a casa do cliente após ele não retornar ligações.
Imagens do pedágio da Rodovia Presidente Dutra auxiliaram a polícia a chegar ao paradeiro do suspeito.
O veículo utilizado no crime, um Fiat Palio, cor prata, ficou estacionado em frente ao sobrado que o americano usava para passar férias no Rio, no Jardim Botânico, zona sul da cidade.
As imagens da Dutra mostram Prevez passando pelo pedágio, na altura de Paracambi, às 13h20 de sábado (13), vindo de São Paulo, com direção ao local do crime. Ele estaciona na rua da vítima às 16h53, do mesmo dia.
Às 22h42, o suspeito desce do carro e segue em direção a um restaurante na esquina da casa da vítima. Após dez minutos, retorna novamente ao carro, e permanece até a madrugada. O americano chega a sair de casa à noite, retornado 1h30 depois, sozinho.
O suspeito sai do carro novamente às 3h42 da madrugada de domingo, permanecendo, então, dentro do veículo estacionado por cerca de 11 horas até entrar na casa da vítima.
Ele utiliza, segundo os investigadores, uma chave micha, e entra no sobrado onde estava o americano. Após ficar cerca de dez minutos, ele sai da residência, entra no carro, e retorna para São Paulo.
Com o rastreamento da placa, a polícia localizou o endereço da proprietária do veículo e solicitou cooperação da Polícia Civil de São Paulo.
Os policiais civis de São Paulo foram até a residência da proprietária, localizada na Chácara Monte Alegre, na capital. Lá, encontraram o filho da dona do veículo que informou aos agentes que o carro estava sendo utilizado por Prevez, de nacionalidade cubana.
O filho da proprietária afirmou que a mãe de Prevez era amiga da sua mãe e, por isso, ela emprestou o carro após ele dizer que precisava fazer entregas. O veículo foi encontrado no local, após o suspeito entregá-lo com a justificativa de que havia conseguido outro carro.
A polícia, agora, apura quem foi o mandante da morte do americano. Para os investigadores, embora objetos de valor, como uma pulseira de ouro e dinheiro tenham sumidos, já ficou evidenciado que Prevez saiu de São Paulo somente para cometer o crime.
Como a reportagem divulgou, a amigos próximos em Nova York, que não quiseram ser identificados, o galerista estava aflito pela recusa do ex em aceitar uma separação amigável. Ele reclamava na ocasião que seu ex-marido, um cubano chamado Daniel, ou Danny, como era conhecido, exigia US$ 6 milhões, ou cerca de R$ 30 milhões, além de uma pensão robusta, para cortar os laços e deixar que ele visse o filho -Lucas, de 12 anos, que seria filho biológico de Danny.
Sikkema era coproprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no Chelsea, dono de uma fortuna, e um dos nomes mais celebrados da cena artística mundial. Ele era marchand do artista Jeffrey Gibson, que representa os Estados Unidos na próxima Bienal de Veneza, em abril.
A polícia não confirmou se trata o ex-marido como suspeito de ser mandante do crime.
Em depoimento, a advogada de Sikkema afirmou que o galerista costumava sair com garotos de programa e tinha parado de usar drogas. Em uma das suas últimas conversas, ele disse que estava apaixonado por um jovem. Também em depoimento, seu motorista afirmou que viu ele fazer uma videochamada para um homem jovem e dizer que o amava, em inglês.
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