SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O diretor israelense Yuval Abraham, que venceu um dos principais prêmios do último Festival de Berlim, afirma que recebeu ameaças de morte após políticos alemães criticarem a premiação do evento como antissemita. O cineasta também diz que membros de sua família foram intimidados fisicamente em Israel, o que o levou a adiar os planos de retornar ao país.
Abraham recebeu no último sábado (24) o prêmio de melhor documentário das mãos do júri pelo longa "No Other Land", que registra a erradicação de vilas palestinas por tropas israelenses. O projeto é codirigido por Hamdan Ballal, Basel Adra e Rachel Szor.
Seu discurso de agradecimento é um dos momentos investigados pelas autoridades alemãs. Abraham foi um dos diversos vencedores do festival este ano que aproveitou sua fala para acusar o governo israelense de praticar um genocídio na Faixa de Gaza. Diversos políticos da direita alemã definiram como inaceitáveis as denúncias.
No palco, o cineasta definiu o conflito como uma situação de apartheid, fazendo referência ao regime de segregação racial imposto na áfrica do Sul no século 20.
Ao jornal The Guardian, Abraham disse que as ameaças contra ele são revoltantes e que elas botam vidas judias em perigo. "Não sei o que a Alemanha está tentando fazer com a gente. Se esta é a forma do país de lidar com a culpa pelo Holocausto, eles estão o esvaziando de significado", disse o diretor.
Ainda de acordo com Abraham, ele planejava voltar para Israel no dia seguinte à cerimônia, mas decidiu de última hora parar na Grécia. Segundo o cineasta, veículos de imprensa israelenses estão descrevendo o seu discurso como antissemita, citando como fonte as autoridades alemãs que denunciaram a sua fala no evento.
Além disso, ele afirma que desconhecidos estão visitando a entrada da casa de seus familiares, o que levou seus parentes a abandonarem temporariamente as suas residências.
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