SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Steven Spielberg comentou o crescimento do antissemitismo no mundo e falou pela primeira vez sobre os ataques de Israel na Faixa de Gaza. O cineasta fez um discurso no aniversário de 30 anos da Shoah Foundation, organização criada por ele que produz material de conscientização sobre o holocausto com a Universidade do Sul da Califórnia (USC).
Spielberg disse, segundo o Deadline, que "quem não consegue se lembrar do passado está condenado a repeti-lo". "Estou cada vez mais alarmado com a possibilidade de estarmos condenados a repetir a história --a ter de lutar mais uma vez pelo direito de sermos judeus."
O diretor do premiado filme "A Lista de Schindler", que trata do holocausto, e um dos judeus mais conhecidos de Hollywood, ele afirmou que "os ecos da história estão inconfundivelmente no nosso clima atual".
"A ascensão de pontos de vista extremistas criou um ambiente perigoso, e a intolerância radical leva uma sociedade a não mais celebrar as diferenças, mas sim a conspirar para demonizar aqueles que são diferentes, ao ponto de criar 'o outro'... Isso está acontecendo juntamente com os anti-muçulmanos, árabes e a discriminação contra os sikhs. A criação do 'outro' e a desumanização de qualquer grupo com base nas suas diferenças é a base do fascismo."
Spielberg também comentou sobre os ataques feitos por Israel na Faixa de Gaza. Afirmou que "podemos sentir raiva dos atos hediondos cometidos pelos terroristas em 7 de outubro e também criticar a matança de mulheres e crianças inocentes em Gaza".
Nos últimos meses, ele evitou fazer comentários públicos sobre a guerra. Em dezembro, foi citado em carta da Shoah Foundation que condenava os ataques do Hamas em Israel. "Nunca imaginei que veria uma barbárie tão indescritível contra os judeus durante a minha vida", dizia o texto.
Spielberg também não assinou a carta aberta em que 450 judeus de Hollywood condenaram o discurso de Jonathan Glazer --o cineasta britânica que dirigiu "Zona de Interesse", filme sobre o nazismo-- no último Oscar. Na ocasião, ele, que também é judeu, condenou os ataques nas Faixa de Gaza quando ganhou o prêmio de melhor filme internacional.
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