Alunos mostram o que aprenderam durante o festival Concertos de orquestras e outros grupos formados por alunos apresentam o resultado das oficinas do 19º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
Repórter
23/07/2008
Os últimos dias do 19º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, organizado pelo Centro Cultural Pró-Música são dedicados à apresentação de alunos. Mas engana-se quem pensa que os concertos são exercícios que atraem apenas a família dos estudantes.
Vários grupos têm alto nível de qualidade e conferir seus trabalhos é uma ótima oportunidade de conhecer repertório diferenciado.
À frente da Orquestra Colonial desde o primeiro ano do festival, o maestro Sérgio Dias se diz satisfeito com o trabalho que vem sendo desenvolvido em Juiz de Fora.
"Imaginar quantas centenas de jovens passaram por aqui nesses
anos, quantas obras inéditas tocamos e a conscientização de tantas pessoas quanto
à importância dessa música do passado, um repertório quase desconhecido, é de uma alegria e
de uma responsabilidade muito grande"
, diz o maestro.
Para este ano, ele escolheu uma das obras mais importantes do padre José Maurício Nunes Garcia, o Réquiem composto em 1816. Há referências históricas de que o compositor escreveu música para a missa de morte da rainha D. Maria I e de sua própria mãe. Como ambas morreram no mesmo ano, não se sabe certamente a quem a obra é dedicada.
Além da orquestra, a obra conta com quase 60 vozes do Coro Colonial, regido por
Mário Assef (foto).
"Neste ano tivemos participação maciça no coro de alunos de várias áreas. Estou
especialmente contente e vejo que o grupo conseguiu uma maturidade bem maior para fazer esta
peça de grande porte"
, avalia.
Outro grupo de canto que garante qualidade é o Madrigal do Festival, comandado por Homero Magalhães Filho. Isso porque boa parte dos cantores participa do evento assiduamente há anos, incluindo o próprio professor Mário Assef e o regente da Camerata Pró-Música Vinicius Mariano de Carvalho.
O grupo toca peças pouco conhecidas do público em geral, como Unsere Trübsal de Johann Ludwig Bach, tio do expoente Barroco Johann Sebastian Bach. Este garimpo de preciosidades inclui Adoramus te, Christe, peça que era atribuída a Mozart até bem pouco tempo, mas recentemente descobriu-se que o verdadeiro autor é Quirino Gasparini.
O ponto alto do Madrigal, entretanto, é a cantata Jesu meines Lebens Leben, de Dietrich Buxtehude, que terá acompanhamento de instrumentos. O repertório se completa com Christe adoramus te, de Claudio Monteverdi, e Remember not, Lord, our offences, de Henry Purcell.
Estréia de peso
Atuando pela primeira vez como regente da Orquestra Sinfônica do Festival, o maestro João Maurício Galindo trouxe para Juiz de Fora a experiência de atuação à frente da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo.
Para ele, o cuidado com o repertório é essencial para não provocar traumas. Se a peça for muito difícil, os adolescentes podem não estar preparados, até mesmo fisicamente, correndo o risco de provocar lesões e tendinite. Ao mesmo tempo, as obras escolhidas não podem ser fáceis demais, porque o desafio move o jovem.
Resolver este dilema é a especialidade de Galindo (foto abaixo), que trouxe em sua mala partituras suficientes para escolher o que fosse mais adequado ao perfil que encontrasse entre os alunos desta edição e promover uma verdadeira aula a cada ensaio.
Entre as peças selecionadas está uma sinfonia de Boccherini, que traz a disciplina do estilo
clássico, e a dificuldade do primeiro movimento da terceira sinfonia de Schubert. O maestro
também julga importante tocar uma obra moderna, como uma suíte de Hindemith escrita para
uma orquestra de estudantes na década de 1960.
Neste passeio por vários estilos musicais, Galindo escolheu ainda uma peça de Milhaud, chamada Brazileira. Trata-se de um samba escrito por um francês, que viveu no Brasil na década de 1930, quando conheceu Villa-Lobos e foi influenciado por ele.
A obra foi composta para piano e ganhou orquestração do próprio Galindo, elaborada nos últimos dias especialmente para o número de participantes e instrumentos da Sinfônica do Festival.
Galindo procura desmistificar ambiente e métodos da música clássica em seu programa
Pergunte ao Maestro, na Rádio Cultura FM. Com o mote "Tudo o que você sempre quis
saber sobre música, mas tinha medo de perguntar"
, ele responde às questões de ouvintes,
todos os dias às 10h, às 16h e às 21h. O programa pode ser ouvido pela internet, a partir
do site da TV Cultura.
E não é só de adolescentes que são feitas as apresentações do fim de semana. Ver a garotada
tocando violino a partir dos três anos é capaz de mexer com a sensibilidade de gente de
todas as idades. É também um programa de fim de férias divertido para toda a família.
Como a Orquestra de Crianças, a Banda Sinfônica do Festival toca um repertório mais conhecido e traz instrumentos típicos das bandas de música, como saxofones, bombardinos e requinta. Veja a programação dos concertos no quadro abaixo.
- Orquestra de Crianças do Festival Regente: Ademar Rocha
- Orquestra Experimental do Festival Direção: Nerisa Aldrighi
- Madrigal do Festival Direção: Homero Magalhães Filho
- Banda Sinfônica do Festival Regente: Erivaldo Fraga
- Orquestra Sinfônica do Festival Regente: João Maurício Galindo
- Orquestra e Coral do Festival Regentes: Sérgio Dias e Mário Assef
Dia 25
14h – Teatro Pró-Música (Avenida Rio Branco, 2329)
18h – Teatro Pró-Música (Avenida Rio Branco, 2329)
20h30 – Igreja do Rosário (Rua Santos Dumont, 215)
Dia 26
10h – Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, s/nº)
18h – Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, s/nº)
20h30 – Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, s/nº)